Certa conta reza a lenda
viveu nesse planeta
um certo Gautama

príncipe ele era, a princípio
que vivia isolado do resto do mundo
poupado das verdades
que chegam para todos

... a lassidão da dor e da doença
... a inexorável morte como prêmio
ganhadora de todas as apostas
implacáveis desenlaces
da humana experiência

Aos vinte e nove anos
quis dar uma banda
saiu sem Skol-(ta)
e foi tomar uma Brama

cansou de tanta abundância, fartura,
bonança
e
nenhuma falta
era tratado igual criança o tal Gautama

deu azia no moço
ausência de sofrimento
e com excesso de alegria
“senta e descansa” o rei dizia
ficou blasé e quis dar linha...

daí se deparou a pobreza
e a miséria humana
observou um cadáver sendo velado na biqueira
viu quão efêmera era a vida
fantasia, utopia, deslumbramento,
quimera

que meramente fora enganado
que mentiram pra ele a vida inteira
cansou de ser príncipe do próprio reino
cansou da abastança
abastardado

saiu do palácio furtivamente
sem com licença
imensa tristeza ela sentia
colou nos ascetas e deu linha
pra ver no que dava
pra ver se real das coisas como se vivencia

saiu atrás do “algo” que lhe  faltava
quis inovação nova filosofia

deixou de ser boa-vida
perdeu comodidade e mamata
mas não perdeu a crença
em rigorosa ascese e contínua itinerância
passou seis meses
de progressença

até que um belo dia
Gautama senta

Comentários

Postagens mais visitadas