À andar pelo caminho quase sem sonho perdido por estar livre.
Indagar-se
sobre os conceitos na obra de Mikhail Bakhtin é sempre um provocação, pois
sabe-se que aí está tudo em movimento imutável e não há terreno sólido para as
construções formais. Mesmo porque, se há alguma coisa que caracterize o seu
pensamento, essa alguma coisa é uma adesão inconteste à filosofia do movimento.
Nada é, em sua obra, definitivo, nada está estabelecido permanentemente, tudo oscila com as alterações do quadro histórico, em que as ações humanas se desenrolam.
Nada é, em sua obra, definitivo, nada está estabelecido permanentemente, tudo oscila com as alterações do quadro histórico, em que as ações humanas se desenrolam.
É um
terreno minado, pelas muitas doutrinas e filosofias que dele se ocuparam. O
diálogo de tantas vozes discordantes poderá surgir... O entendimento desse
fenômeno que é absolutamente um tanto central na vida social, como na nossa
existência pessoal, a língua. As palavras são signos muito importantes.
Talvez,
uma primeira aproximação possa ser feita pela comparação do seu pensamento com
o de Ferdinand de Saussure, fundador da linguística tradicional. Este, ao
aproximar-se do fenômeno da linguagem, assim se expressa:
Mas,
o que é a língua? Para nós ela não se confunde com a linguagem, ela é apenas
uma parte dela, essencial, é verdade. É, ao mesmo tempo, um produto social da
faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo
corpo social para possibilitar o exercício de tal faculdade pelos indivíduos. Considerada
em sua totalidade, a linguagem é multiforme e heteróclita; cavalgando sobre
diferentes domínios, ao mesmo tempo físico, fisiológico e psíquico, ela
pertence ainda ao domínio individual e ao domínio social; ela não se deixa
classificar em nenhuma categoria dos fatos humanos, e é por isso que não
sabemos como determinar sua unidade.
A
língua, ao contrário, é um todo em si mesmo e um princípio de classificação.
Uma vez que nos lhe atribuímos o primeiro lugar entre os fatos da linguagem,
introduzimos uma ordem natural num conjunto que não se presta a nenhuma outra
classificação.
O linguista
genebrino faz um movimento epistemológico, no mínimo curioso. Primeiro admite
que a linguagem é diferente da língua, que ele define como o objeto de
estudo da linguística.
A língua é uma parte apenas da linguagem que ele admite ser muito mais ampla que a primeira. Logo, a linguística não tem como objeto de estudo a linguagem humana, mas uma parte dela.
A língua é uma parte apenas da linguagem que ele admite ser muito mais ampla que a primeira. Logo, a linguística não tem como objeto de estudo a linguagem humana, mas uma parte dela.
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