entrevista com a paixão da minha existência atribulada, Raquel Manú...

 Como falar de Raquel Emmanuelle com imparcialidade? 
Nos conhecemos em 2008 quando eu saía de uma guerra contra os alemães. O fim do namoro com La Tedesca foi cena que caberia no filme de Tarantino, Bastardos inglórios, e o luto pela morte da sereia Midred, que não é a garçonete personagem da peça teatral do inglês W. Somerset Maughan, mas que também desdenhava com destreza sobre a ética espinosiana da Servidão Humana durou um longo ano. Um longo ano de bebedeira.
Eu e Raquel fomos contemporâneos de faculdade, nosso querido Uni-BH, o qual abandonei por inépcia.
Vejo que estou escrevendo muito sobre mim, mas foi a partir desse tempo que Raquel tornou-se leitora assídua do Papagaio Mudo, um mestre das ladainhas afetivas, um típico romântico contemporâneo, incauto e superlativo, um eu “poderia” tudo, linguisticamente falando, no pretérito do futuro subjuntivo.
Passaram-se quatro anos e, em 2011 encontro-me com Manú (como me acostumei a chamá-la) na varanda do edifício Maletta.
Como quem foi acertado em cheio, por uma semente ou coisa assim, por um stiling na mão de uma criança (até vejo a cara de quem prepara o golpe) não mais nos perdemos de vista.
Naquela instância ela era redatora do jornal Hoje em Dia e eu passava por mais uma recaída, contando as pedras do caminho com as quais um dia construirei meu castelo.
Manú também foi estagiária da FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa), onde adquiriu larga experiência jornalística, enquanto eu vendia sanduíches veganos na minha extinta lanchonete que chamada Piper Rubra.
Quando Manú saiu do Hoje em Dia, eu me mantive limpo por um bom período e até me tornei discotecário.
Tive alguns lapsos que assustaram até a mim mesmo, mas meu psiquiatra disse que seria comum se eu me mantivesse dentro dessa “zona de risco”.
Descobri que o mundo é uma "zona de risco".
Raquel ingressou no curso de pós-graduação da UFMG em História, Historiografia e Ciências Políticas, onde descobriu que esse tal mundo está ficando cada vez menor, através das reflexões de Carlo Ginzburg e também alertou para  a sobre a síndrome da invisibilidade sobre a qual discorre o sociólogo Roberto da Mata.
Atualmente Emanuelle cursa a graduação em Letras na UFMG, e eu, (que já faço parte desse introito), estou limpo, depois uma colônia de férias no hospital psiquiátrico Santa Maria, entre catalépticos e homicidas. Parto em uma semana para uma fazenda, uma heab farma ville, onde passarei o tempo de uma gestação humana.
Depois disso:  الله وحده يعلم أن أقول ...
Com base em peremptórias perguntas lançadas ao vento pela renomada arquiteta e arranjadora floral Silvia Herval, fizemos esse bat

bola.
Lá vai, segura a peteca!

G u s t a – v  o  u  te entrevistar, ok?
O que está atrás da porta?
O que não é como aparenta ser?
Você tem alguma alergia?




Raquel Emanuelle

Ok.
Não tem porta, só um cortinado de madrepérola indiano. Muita coisa não é como aparenta ser, eu mesma. Não tenho alergia a nada

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Gustavo Perez

Todas essas perguntas são chaves. E é muito provável que as respostas a essas quatro questões apareçam manchadas de sangue.
Evacuou hoje?

Raquel Emanuelle
Sim

Gustavo Perez
Que parte de mim foi morta ou está agonizando?

R. E.
A partir do meu ponto de vista, nenhuma.

G. P.
O que eu sei no fundo de mim mesma que preferia não saber?

R. E.
As pessoas são más...
(risos)

Gustavo Perez
Você é uma pessoa?

R. E.
Elas são um grupo e eu sou eu

G. P.
Signo? Time de futebol? Meio de transporte?

R. E.
Virgem. Não tenho um time, mas gosto do atlético. Ônibus.

G. P.
Atlético mineiro ou de Madrid?

R. E.
Mineiro
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G. P.
Descubra os corpos, siga os instintos, veja o que estiver vendo, reúna energia psíquica, acabe com a energia destrutiva. o que mais te chamou a atenção? Fale-me quatro objetos.

R. E.
Ventilador, sandália azul, mochila azul, gavetas.

G. P.
Livros de cabeceira?

R. E.
Tenho sete, vou falar o que eu estou gostando mais, beleza?

Gustavo Perez
Sim...

Raquel Emanuelle
As portas da percepção do Huxley.

G. P.
Primeiro,

R. E.
É pra falar todos?

G. P
.
Você quem sabe... nesse caso aceita água pra ajudar?

R. E
.
Aceito

G. P.
Gelada ou natural? Aqui...
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R. E
.
Natural, sempre. Esse primeiro aí? Você está enumerando?

G. P.
Basta? Pode dizer ao menos mais dois? Três é um número bom. Freudiano...

Raquel Emanuelle
Eu peguei o Uivo naquela hora, por isso ele é que tá na minha cabeceira.Omeros, Derek Walcott.

Gustavo Perez
Não entendi direito. Omeros é o título do livro?

R. E.
Sim.

G. P
.
Falta apenas um.

R. E
.
O arco e a lira, Octavio Paz.

G P
.
Dale! Segue outra, ok? Como você enxerga a critica literária nos jornais impressos? Muito dispersiva? Ou compactada?

Raquel Emanuelle

 (a net caiu...)
A crítica se limita muito a julgar e falar dos mais vendidos.  Não envereda pela estrutura da obra

G. P.
Compactada, no caso, acertei?
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R. E.
Como tudo no jornalismo. Falta de espaço, falta de tempo, falta de pesquisa.

G. P.
Como você vê a poesia nacional em termos gerais? Ou melhor, xamanisticamente.

R. E.
A poesia está em todo lugar. Está no universo

G.P.
Está no seu universo íntimo?

R. E.
Também.

G. P.
Vamos ao cinema amanhã comigo?

R. E.
Vamos ao Palácio que é free.

Gustavo Perez
Essa eu aprendi com Marília Gabriela. Quer falar mais alguma coisa? Alguma frase solta?

Raquel Emanuelle
Eu queria dizer que...

G.P.
Sim.
Pode ser gravando? Ou em off?

R.E
.
Em off.

G. P.
Ok. Diga lá. Prometo não publicar.

R. E.
É uma frase que marcou quando eu bati o olho aqui no meio dos papéis.
“Ser original não é ser diferente” Gaudi.

Gustavo Perez
Ah... deixa-me eu colocar na entrevista. Essa é tipo “ser humilde não é ser Zé"

Raquel Emanuelle
(risosrisossrs)
Pode.

 


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