Noites Adentros, NY
D e p a r t u r e
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Dia 13 de janeiro, recebo um postal da torre Eiffel dizendo “Morro de saudades, mas resolvi viver. Os franceses continuam pouco cordiais. Beijos, Gis”. Muito ou pouco? Adorava suas frases inconclusivas ou que suscitavam incômodos debates. Parece que eu e ela éramos água que fluía em duas direções ao mesmo tempo. Um dia ela escreveu “Nosso amor é o melhor do mundo, não fosse também o pior e o mais distante.” E deixou pregado no espelho do banheiro, o que me pareceu uma declaração de amor. Conhecendo-a como eu a conhecia, pensei mesmo que fosse uma declaração de amor. Amor inexato, infundado, falsificado. Mais uma vez ela esatava fugindo com um homem. Percebi que fazia transações de contas da Suíça, de cá pra lá, direto do meu computador, sem a menor descrição, o que podia deixar rastros "...mesmo assim, você não sabe de nada" - ela dizia, e realmente não sabia. Até que um dia resolvi colocá-la contra parede pra saber o que, de fato, estava acontecendo. Incrivelmente ela me contou com riqueza de detalhes o organograma de sua trama. Seu plano de partir com o Robert Cohen, que estava desviando dinheiro de um cliente milionário, e que em breve iria partir, iriam embora, mas não disse pra onde. Ela me parecia ter certeza de que jamais seriam descobertos. Eu não disse nada. Aceitei tudo normalmente. Ela queria, ela era livre, o quê eu podia fazer? amarrar no pé da cama? Conformei-me que ela saísse no mundo naquele passeio andejo, zíngaro, desorientado, perdido, desnorteado, errático, cigano. Quando a vi disfarçando o brilho nos olhos, ao falar das praias do paraíso. Que praias seriam essas? Certamente as praias de algum paraíso fiscal. Há muito vinham acontecendo histórias que só acontecem no cinema ou na literatura, em romances baratos de quinta categoria, mas o cenário de golpe mexia comigo. Não conseguia dormir. Uma revoada de pombos levantava minhas pálpebras quando transitava entre o sonho e a realidade. O Lloyd me havia cedido o apartamento por tempo indeterminado porque, enfim, ganhava dinheiro com a minha presença, e sabia que um dia eu ia partir. Então fico mais um tempo em Nova Yorque.
A Pixie, minha filha, estava com doze anos de idade. Meu maior medo era que ela não me amasse mais. Já fazia dois anos que eu estava fora. Dois anos, vez e outra eu mandava um cartão postal. Admito que estava sendo o que jamais havia me permitido ser - um pai ausente... No começo foi difícil. Parecia que eu era o príncipe encantado que chegara atrasado na historia. Fui sozinho até Jersey City. A mãe da Pixie era (...)
A Pixie, minha filha, estava com doze anos de idade. Meu maior medo era que ela não me amasse mais. Já fazia dois anos que eu estava fora. Dois anos, vez e outra eu mandava um cartão postal. Admito que estava sendo o que jamais havia me permitido ser - um pai ausente... No começo foi difícil. Parecia que eu era o príncipe encantado que chegara atrasado na historia. Fui sozinho até Jersey City. A mãe da Pixie era (...)
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(s e g u e...)
(s e g u e...)
Comentários
Tomara que a Pixie não deixe mesmo de amá-lo, mas adolescente sabe com é...
Beijos,
Gus
sunglass, man, sunglass
mas não foi com sun-glasses que ela tentou disfarçar o brilho nos olhos. Foi com uma olhadinha de lado, sabe?
beijos,
Gustavo
Ps: E o manuscrito?
Deixou-me contente a sua visita e convite.
Já estou queimando os miolos para atender.
Abração
Vou postar logo depois de você, depois se vê.. rs
Olha que existem nomes lindos de cidades..
Abraço,
Gustavo
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E vc, tirar o atraso da presença, rios em braços. seguem e se separam, reencontram, e seguem juntos até o mar. ou não.
Mas certamente, tudo isso vem deixando- o intrigado a procura de novas sensaçoes. Veremos!
;)t.
acho que o Robert Cohen é alien e que ela foi abduzida, sem tempo, sem mar, sem marte
deve estar em uma nave..
>>¨<< lá lalalá ♫