Noites Adentros, NY
p a r t e 3_A d e l e
Na terra desceram os anjos.
Trouxeram consigo o deus-menino. Essa criança de olhos profundos, tão fundos que refletiam a face da morte, assim como o brilho da Criação.
Na Taverna éramos cinco, no total de bêbados, contando comigo. Quisera
aquela tivesse sido apenas uma alucinação ou um holograma, um engodo. Os anjos pareciam um pouco bons e um pouco maus, encarregados de fazer girar a roda da fortuna.
Até o momento havia tomado apenas um cálice de vinho, certo que bem cheio, mas a embriaguez não era tanta para me fazer ter alucinações, que inclusive seria uma alucinação coletiva. Como tudo aconteceu? Nos fundos da Taverna havia uma antiga adega dos girondinos, antes de populares armados invadirem o Arsenal dos Inválidos, e em seguida a Bastilha - portal que os aprisionava. A revolução estendeu-se ao campo e com maior violência. Camponeses saquearam propriedades feudais e queimaram castelos. Poético... queimaram castelos. E ali, naquela bodega estávamos. Aquele fora ponto estratégico dos jacobinos que tentavam impor a democracia (assim como as democracias hoje elegem seus ditadores).
Orlando era um homem circunspecto, cauteloso e prudente, quase sisudo. Foi ele uma das testemunhas essenciais pra que depois daquala experiência sui generis, não fóssemos tidos como loucos. O bigodudo Orlando presenciou o instante fugaz, que durou apenas alguns segundos - se é que se pode mesurar a presença inexorável, cruel e desapiedada do tempo, diante do Eterno.
Um minuto perdido na imensidão do Espaço.
O que vi nos olhos daquele menino, é que ainda tentava sensações que me levassem à viagens intra-uterinas. Queria estar fechado em um quarto escuro para apenas sonhar em desvendar o mundo. A cegueira que me consumia revelou no tato que ainda segurava a mão do papai. Sonho acordado que também sou uma criança, que anda se equilibrando de braços abertos sobre um paralelepípedo. A mão do papai dava o equilíbrio.
Era noite de fevereiro.
Então, quando me perguntavam sobre essa noite e porque só agora resolvi confessar tal fenômeno, eu lhes digo – é porque desejo arrancar o véu que encobre o enigma dessa visão. Única claridade espectral que fez-se conhecer sobrenaturalmente, bem diante dos nossos olhos que não podiam crer.
Quando saímos ainda pasmos, passeamos à meia-lua suspensa no ar derradeiro, como um sorriso torto a vigiar nossos passos.
>>¨<<
Na terra desceram os anjos.
Trouxeram consigo o deus-menino. Essa criança de olhos profundos, tão fundos que refletiam a face da morte, assim como o brilho da Criação.
Na Taverna éramos cinco, no total de bêbados, contando comigo. Quisera
aquela tivesse sido apenas uma alucinação ou um holograma, um engodo. Os anjos pareciam um pouco bons e um pouco maus, encarregados de fazer girar a roda da fortuna.
Até o momento havia tomado apenas um cálice de vinho, certo que bem cheio, mas a embriaguez não era tanta para me fazer ter alucinações, que inclusive seria uma alucinação coletiva. Como tudo aconteceu? Nos fundos da Taverna havia uma antiga adega dos girondinos, antes de populares armados invadirem o Arsenal dos Inválidos, e em seguida a Bastilha - portal que os aprisionava. A revolução estendeu-se ao campo e com maior violência. Camponeses saquearam propriedades feudais e queimaram castelos. Poético... queimaram castelos. E ali, naquela bodega estávamos. Aquele fora ponto estratégico dos jacobinos que tentavam impor a democracia (assim como as democracias hoje elegem seus ditadores).
Orlando era um homem circunspecto, cauteloso e prudente, quase sisudo. Foi ele uma das testemunhas essenciais pra que depois daquala experiência sui generis, não fóssemos tidos como loucos. O bigodudo Orlando presenciou o instante fugaz, que durou apenas alguns segundos - se é que se pode mesurar a presença inexorável, cruel e desapiedada do tempo, diante do Eterno.
Um minuto perdido na imensidão do Espaço.
O que vi nos olhos daquele menino, é que ainda tentava sensações que me levassem à viagens intra-uterinas. Queria estar fechado em um quarto escuro para apenas sonhar em desvendar o mundo. A cegueira que me consumia revelou no tato que ainda segurava a mão do papai. Sonho acordado que também sou uma criança, que anda se equilibrando de braços abertos sobre um paralelepípedo. A mão do papai dava o equilíbrio.
Era noite de fevereiro.
Então, quando me perguntavam sobre essa noite e porque só agora resolvi confessar tal fenômeno, eu lhes digo – é porque desejo arrancar o véu que encobre o enigma dessa visão. Única claridade espectral que fez-se conhecer sobrenaturalmente, bem diante dos nossos olhos que não podiam crer.
Quando saímos ainda pasmos, passeamos à meia-lua suspensa no ar derradeiro, como um sorriso torto a vigiar nossos passos.
>>¨<<
C o n t i n u a...
Post Scriptum: Peço emprestado um verso de Augusto dos Anjos
Brancas bacantes bêbadas o beijam
Evoé!
Comentários
a sociedade dos poetas mortos.
abs
"Sou uma Sombra! Venho de outras eras,
Do cosmopolitismo das moneras..."
que bom ler Augusto dos Anjos
e seu nome de enganar santo
Beijos,
Gustavo
ps: foi no salão?
Consegui sim. Não foi preciso falar com T. Mas valeu por mandar o ceo.
Bjos
GuS
Thank's for the visit! yea
Oh capitan my capitan
abs
demais. re-visito :)
p.s. o hipertexto ainda vai salvar o mundo...
E agora, tem novela para seguirmos.. não há fuga possível.
Sorrisos, do outro lado do Atlântico
Tás a falhar com as visitas prometidas...
Passei só pra deixar um beijo Papagaio desaparecido.
Saudades...
pra não dizer que ele, o peixe, é a essência
_____________ >>>>> ºº <<<<<<
quando o passarinho canta,
você consegue não ouvir?
você consegue parar de pensar?
é por essas e outras que..
então,
abs,
>¨<
ps: a viagem continua
Hoje é dia de festa, ...
... Para o menino GUSTAVO, uma salva de palmas! ehehehehe
Gustavo, desculpa o atraso!
Muita SAÚDE e coisas boas a acontecer-te!
Um beijinho terno, sem o emplastro do Atlântico, pelo meio
Obrigada por estares no meu espaço (aínda mais grata depois de saber a tua opinião ref seitas, rs).
Olha, gostava que fosse um espaço aberto em que outras postagem com a periodicidade que quissessem, abordando do seu jeito, a vida, o positivismo, os sorrisos e riso e/ou a longevidade, relacionamentos intergeracionais, etc...
~Estavas nessa "onda" - diz algo, sff. Não envio o convite, em sinal de respeito, sem saber 1º a tua opiniao. Eu gostava muito. Nem que fosse uma vez por mês. Depois o layout daquela pagina está muito foleiro, rs - precisa-se de opinião de bom gosto!
Bom Carnaval, Gustavo.
Beijinhos ternos e tudo do melhor para ti e para os teus!
então foi o nome quem te escolheu... Obrigado pelos parabéns. Quanto ao carnaval, aproveito para descansar, obrigado, obrigado pelos beijinhos ternos. Sabe, interessante que seja um "espaço aberto" e gostei muito que seja um espaço positivista, "pra cima!" é bom jogar sempre com o positivo. Confesso que aprendi com meu pai, que tem essa visão meio cinza, a como ver o mundo de forma mais colorida.
Retribuo os beijinhos,
Gustavo
meu obrigado atrasado (pelos parabéns...)
valeu!
abraço,
Gustavo
ps: me diga, que tens lido?
Vou lá ver! deixa comigo..
beijos,
GuS
Ainda bem que tem essa atitude positiva. A tua resposta significa que poderei contar contigo para postar sobre um tema/mês? ao teu jeito? Se sim, em que dia(s)?
PS: dá-me uma ajudita... O Eduardo (e se calhar todos vocês) está a ser invadido por uma praga de Dulcineias - acho que recebe todos os comentários que me enviam. Por outro lado, eu recebo tODOS, mas mesmo TODOS os comentários que cada pessoa faz nos blogs que visitei. Tentei ir aos meus post e "cancelei subscrição" - achas que resolvi o problema?
Aínda as pessoas têm pesadelos dulcineos, com moínhos de vento, rs
Obrigada e Beijinho de boas noites
realmente, percebi que tenho recebido a notificação de enézimos comentários dulcenézimos.
Posso postar em qualquer dia que você quiser, mas prefiro o dia 1º do mês.
Beijos,
Gustavo
ps: esqueci...