Noites Adentros, NY

P a r t e 9Há dois dias pairava sobre o mim o silêncio de dúvidas, do particípio passado obnubilado. Dois dias para pensar no futuro, sem esquecer-me de cuidar do peixe elétrico do Lloyd. Um dia obnubilado, e me lembro do último grito de Naomi. Tento colocar cada peça em seu lugar, porém, como se não soubesse a figura que esse puzzle de fragmentos imprecisos vai formar. Tentava traduzir ou fazer tangíveis essas qualidades. Materializando mais do que palavras. No início foi difícil a aproximação com a Pixie. Como eu disse, parecia estar chegando atrasado, mas queria fazer do nosso encontro uma alegria. A primeira coisa que fizemos juntos foi ir ao Central Park, onde podíamos oxigenar as idéias que surgem de certa sensação de liberdade. Precisamos de um sinal harmonia, sinal de que Deus ou a Natureza estejam sempre por perto.
Conheci Linda, mãe da Pixie, esperando ônibus no Afeganistão. Pensei que fosse norte-americana até perceber seu sotaque britânico e também o jeito como se comportam aquelas pessoas dos países gelados. Linda Bernstein nasceu em Viena, Áustria. Éramos os dois únicos caucasianos naquela estação precária em Kandhar, portanto o diálogo surgiu naturalmente. Naqueles anos de paz, antes do Talibã assumir o poder, podia-se viajar sem preocupação, salvo os cuidados étnicos a serem tomados. Não era preciso usar a terrível burca, que cobre completamente o rosto, mas era de bom alvitre que as mulheres cobrissem o cabelo. Por isso, a Linda usava um lenço que a tornava ainda mais bela. Viajamos juntos pelo oriente, chacoalhando em todo tipo de veículo, atravessando Paquistão. Em nossas mochilas já se misturavam roupas e objetos pessoais, até que ficamos íntimos. Foi uma experiência mágica vislumbrar a paisagem daquelas montanhas áridas e desertas descendo até Nova Delhi, na Índia.
Em meio à turbulenta confusão da capital indiana, gurus e homens comuns, dervixes e mascates, mulheres e crianças, animais e pessoas por todos os lados, chegamos à conclusão de que já éramos íntimos o bastante para voltar à Europa como um casal de namorados. E assim fomos juntos para Londres, cúmplices de uma longa viagem, como dois forasteiros. Resolvemos abandonar a grande metrópole, turística e caótica, e fomos morar em Salisbury.

(s e g u e...)
um tempo depois nasceria a pequena P i x i e...

Comentários

Raquel disse…
Como pode? Esse monte de letrinha cinza fazer tantas paisagens bonitas na minha cabeça?

tah d+ heim Gu!
Gustavo disse…
Obrigado Raquel,

é a mágica das palavras!
bjs,

Gus
Liberté disse…
a figura que esse PUZZLE de fragmentos imprecisos vai formar.


GRAB IT !
Jorge Pinheiro disse…
Gustavo, o tema da Tertúia vai er "O Tempo" (está no side bar do meu blogue e no "Tertúlia Virtual").
Depois venho cá com mais calma. Abraço.
Gustavo disse…
oi Nena,

Veja! essa fadinha parece um pouco com você e Frau Bernstein também foi um pouco inspirada...

beijos,

Gustavo

ps: Jesus era carpinteiro..
Alice Salles disse…
Paisagens e viagens sem fim por aqui.
roserouge disse…
Lindo, lindo, lindo! Palmas, clap, clap, clap!
Gustavo disse…
Alice,

é que estou a pensar se conto a história da Linda Bernstein, mãe da Pixie, ou se conto a história de como a criamos, em Salisbury, UK.
Menina do mar disse…
Conta as duas...
roserouge disse…
Isso, conta as duas!
Liberté disse…
cafe aberto!

http://cafeliberte.blogspot.com/
Gustavo disse…
oba!
depois passo lá pra tomar um spresso!
bjos

>¨<
Liberté disse…
bacana! sua historia, parece final de capitulo de início de outro.

te espero por lá!

abç
lili
Gustavo disse…
Bjos

Lili-(berté)
rsrsss

>¨<
Gustavo disse…
querida roserouge,

obrigado pelas palmas!
iuhuuu!
valeusss

Gusta:P

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