Adeus noniño



Paixão da minha existência atribulada


Não saia do beco de capuz.
Numa fração de segundo tenho que raciocinar e arrazoar, ajuizar, refletir.
O exército do movimento conta com diagrama estruturado. O segurança me deu esse toque pra eu ficá ligado. Cordão de prata, cara cordial de quem não mata nem barata. Vai crendo...
O bicho pega, macalé. 
Hoje vi um moleque subir-na-vida. Virou correria do tráfico. É assim, ele pega o dim e busca a droga escondida, sempre em lugar diferente. O que não faz muita diferença, pois fica sempre no mesmo beco. Ele era, ou ainda é durante o dia, entregador de gás. Anda pra cima e pra baixo na sua motoca. E na madruga bandoleira aderiu ao esquema.
Sinto paranoia de fazer barulho ao movimentar as notas do teclado, mas vou deslanchar. É dilúculo, é ridículo.
Hoje foi dia das mães pra movimentar o comércio.
Sinto-me culpado.
Ontem senti um medo danado.
A madeira do forro se contrai durante a noite e faz barulhos terríveis. O Exú criador me açoita e segue. Eu o chamo com usança nefasta.
Teclo o fim das palavras antes mesmo de começa-las.
Ontem coloquei coral cantando missa lusa pra acalmar os Exús, mas não adiantou de nada. 
Hoje também a madeira do teto faz um barulho da porra.
E as palavras se embaralham. Sin-signo indicial.
Parece que há gente subindo.
Indica que segue meu caminho.
Sinto que sou-estou sozinho.
É a hora morta que não passa.
E a ira que arregaça.
Meu irmão me estraçalha com aquele olhar de iminência. 
A intermitência dos ruídos não passa. 


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