O decorrer do 4º dia

The busy bee has no time for sorrow

A abelha diligente não tem tempo pra mesmices                       
                   William Blake


Sei que, como eu dizia, o relacionamento com os objetos inanimados torna-se dialético. 
Você age, eles correspondem. Você se distrai e eles ficam ociosos. Você grita, eles murmuram. Você fala e eles falam calados. Cada um a seu modo, cada da sua própria maneira. A caldeira tenta expelir a água que fervente. Água, presença constante na vida de um caminheiro. A chaleira também assovia. Depois de extraído o conteúdo, arrota como um bêbado sorridente e equilibra-se rente ao fogo.

O próprio fogo estrepitoso quando a lenha devora, faz-se de tonto a pensar que não o vejo. Noto a luminosidade do silêncio prestes a soçobrar. Coloco novamente uma guampa de madeira. Percebo ruído vívido outra vez estalando contra o vento.

Pecepto
de Tchekov entre os mujiques, mas nesse conto não há assassinato.
Somente mais água pra ferver.

Sei que, com o passar do tempo, cria-se uma relação dialética com os objetos.

O tempo devora astuto e calado, cada passo, cada movimento, cada minuto que não conto e é contado. Pela circular e visível volta do sol. A imperceptível da terra. A das estrelas, elas mudam de lugar.
A subida do Batatal consumiu minhas energias.
A sua face norte é vertiginosamente íngreme, estonteantemente linda.
Detenho-me na agudez telúrica da mesmice, do um marasmo.
Nada que fazer. O dia passa lento. Momentaneamente cada momento.
Passo o dia todo em desalento.
Ainda não consegui sair.
Tenho um mundo inteiro pela frente, e o mundo todo pra deixar pra trás.
As ideias ainda não se encaixam.
Caixão fumaça fogo.
Nuvem cigarro biscoito.
nada está em seu lugar!
Ainda tenho medos! 
vozes de criança invadem minha cabeça. Deus! Porque inventei de escrever esse texto?
eu já te pedi desculpas!
será que eu não mereço perdão?
eu me profano
eu Te odeio!
eu me detesto!
eu não me amo...
Temo-Te, simplesmente.
És doce tirano.
Manda teu recado em forma de castigo.
eu não presto!
feito o mundo inteiro...
e o Cordeiro.
Abra depressa o sétimo selo.


Apocalipse 7:1 - 9:21
O Sétimo Selo


No início de Apocalipse 7, seis selos são abertos e um permanece fechado.
O sexto selo era especialmente dramático e sem dúvida João estava esperando ansiosamente a abertura do sétimo.
Mas permaneceu fechado.
Houve um intervalo na ação.
Pelo menos três cenas ocorrem antes que o conteúdo do sétimo selo fosse revelado: a selagem do povo de Deus na terra, a celebração do povo de Deus no céu e trinta minutos de silêncio. Estas demoras certamente aumentaram a sensação de maravilha e expectativa de João.
Finalmente, as sete trombetas começam a soar.

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