Dez pras 4

Dez pras 4


Eu morri, assim como meus patrícios, assim como meus concidadãos de vicio, assim como os apátridas, assim como todos os seres humanos que, mortos, ainda vivem. A Terra deixou de ser um planeta, mas passou a ser uma esfera que gira e gera, Geraldos e Marias. Eu não me comprometo mais em estar presente diante do absurdo. Não o mito, que erradamente, foi deturpado pelo nosso amigo estrangeiro que queria ser francês. Sim o absurdo que paira diante das coisas fúteis que não escorre pelos olhos inaprecidores da doença, bola de neve que deram nome Planeta. Não me comprometo estar presente. Vem querida morte. Vem ser minha mais nova namora. Darei esse gosto aos meus inimigos que pensam que estão vivos. Darei o sabor de pensarem que repousam na consciência de vitoria e potência sobre mim. E quero ver o que trazem consigo com a mim se unirem, nesse breviário polissêmico chamado juízo. A síntese recomeça e retribui as estrelas o pó divino. Daremos aos ecoicos tiranos seu deleite infindo de precaverem tudo que lhes é gula. Daremos prazer aos nossos fôlegos metabolísticos e disserem que somos, quando pensarmos que fomos, naquilo que persistimos.
daremos graças. Eu morri no momento em que descobri isso. Eu me uni a Deus que também jaz enterrado na poeira do universo infinito. Ele também está confuso e descrente de sua própria morte. Com sorte, algum sábio mito zoroástrico resplandecente e levemente opaco, com conta da mística magia do mistério, com sorte o mito perdera sua força quando num fim futurístico vindouro, ou talvez diria ido, quando unidos os res aspectos cronológicos esclarecerá tudo isso, e num deixará perdidos em negrume, onde aprenderemos a enxergar no escuro. Absurdamente velhos. Tal como o onipotente desmascarado. Tamanha consciência terá seremos deuses convictos.

Comentários

Adriana Godoy disse…
ei, papagaio. deixei uma respostinha pra vc em voz.

quando passo por aqui me dá uma sensação meio estranha: um mundo que conheço e ao mesmo tempo desconhecido. sensações diversas. uma pontada no coração, um alento, um desassossego, uma alegria.

beijo

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