Minha primeira peça de teatro

O Medo – meu próprio é que eu nunca mais saia do canto escuro desse quarto mal iluminado. Aliás, quarto é epíteto mal aplicado, melhor seria chama-lo de... de... sarcófago!
Quero ver a luz do dia, mas meu ego é vampiresco. Como faço?

A Voz do teclado – deve agir depressa, meu caro. Se não o tempo passa e eu me cago pra isso. Um dia me aposento e vazo fora desse quarto, embora eu vá direto prolixo. Não aguento mais essa falarada, essa aglutinada de t.o.c. sem juízo. Prudência é tudo na vida, cautela vem acompanhada.
Do pó ao pó, dust to dust, da cinza às cinzas.

A ponta dos dedos – principalmente eu sou réu confesso. Insisto em desertar esse teclado imundo. Já não vejo me vejo limpo faz tempo e tempo é tudo no mundo.

O Gato Malvado – quem faz côa do menino? Quem caçoa do cocorico? Será a voz do teclado? Calada ela é nem signo...

A voz do teclado – quem te ensinou esse termo? Terá sido uma baoborletra, ou um sábio chino carcás? Como é mesmo que soletra? Ele é cavalo no zodíaco,  madeira é seu elemento.

O Medo – pois devia ser jumento. Por conta de tanto lamento, só sabe trocar punheca. A mim não me mete grilo.
Bbbbbbrrrrrrrr... Bbbbbbrrrrrrrr...

Voa um grifo flanante entra janela ad-antro. Falando:

Grifo – em mim ninguém mete o dedo. Eu meto a caneta, fluorescente! Deixo saltar aos Olhos. Nesse cavaco desdenhante, nessa gente covarde e naîfe.

continua em algum teclado limo (p)...

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