minha Primeira Peça de Teatro



“Fui ao toróró beber água não achei. Achei foi a mim mesmo que no toróró larguei.” – dizia a ponta do dedo


O Medo – que medo! Que medo desse lugar que me deixa angustiado. Prefiro sair daqui, da meia-luz desse quarto.

 “Dizzy é mais cruel” disse uma voz tlec-tlec vinda das notas do teclado.

“Prefiro Miles Davis” retrucou o Medo danado.
 “Mas quem é você?” diz então o Gato Malvado.

Voz do teclado – eu sou a voz d teclado. Quem eu podia ser?  Eu venho aqui todo dia ate o dia nascer.

O Medo – que fobia ducaralho! Que ar reprimido no peito! Que medo descompensado! Sinto-me encarcerado! Quem você pensa que é?

Voz do teclado – Vim atendendo ao chamado de um somítico escritor. Só venho porque sou muitas, A Ponta Dos Dedos me toca. Com ela troco carícias. Sou casca, cauira, cauila.  Agarrado ao peso das horas, escravo da própria dor.  Organizo as palavras daquele vocaliza os ruídos que me da vida. Mesquinho ele pode ser, avaro, também talvez, mas não poupa tecladadas quando tem o que dizer. Mesmo quando não tem ele fala.

O gato Malvado – mas como se atreve a falar assim do meu dono? Sou eu quem manda nele e não admito confronto. Rivais vivos eu mato, trucido e abocanho. Sou o Gato Malvado e só apareço em sonho. Sorriso da lua pensamento abocanha tamanho. Nefasto é meu nome, embora nunca tenha dito, embora seja próprio do homem nomear o que consome. Nome aos bois, nome aos gatos, nome de cidade, nome as coisas que manipula nome os rios e montanhas. O mar não sabe que tem esse nome, nem o amarelo tampouco, e o corcunda de Notredaime, não sabe o que é bizarro, sinistro, abjeto, grotesco, medonho. Apenas é sem saber, assusta. Dá medo sem ter medo. Se ao menos se visse no espelho.
Aos substantivos: nome! Adjetivar os substantivos pra que eles não reclamem! Adjetivado Eu que venho de outras longas gerações. Lambida de faraó na ponta de dedos imperiais.
Ó castelo! Ó conde! Ó torre! Ó corcunda! Ó Igor! Se tivessem um dicionário...
Se alguém lhes dissesse um signo interpretado...

Eis que surge além das horas Os Olhos.

Os Olhos – caímos num buraco mais profundo parecia, um abismo denso e turvo, minha nossa Senhora das Dores. Na nevava, mas frio fazia. De trem não fomos, eu Córnea, Pupila, Retina, Íris, Fóvea, Cristalino, Macula lútea e Ponto Cego. A esclerótica, nem te conto, quase esclerosa.

A Voz do Teclado – Quem explica esse destino, acaso? Que deus cego seu menino? , contestável
Mais medonho abismadado, hiante, cavado, escancarado? Como quantas tantas muito? Dúbio, contestável, não confiável, ambíguo, abstruso? Quando surge a luz do dia você vai pra outro mudo? Dizem eu os olhos diz tudo...

continua...




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