25 de dezembro de 2014
É natal. Cada dia é um dia. Pode parecer redundante. O sol segue alto no céu. Seguimos adiante. As horas seguem adiante. Minhas noites são mais como um pequeno inferno. Relaxo os músculos do rosto, estico as pernas e os pés, Fecho suavemente os olhos, rezo e espero. Rezo e rezo evocando bons pensamentos, projetando um futuro próspero. Enquanto rezo, penso e os pensamentos voam. O sono não demora a vir. Dormir não é um refúgio como era no começo da internação. Ou uma compensação, como nos tempos da minha adicção, mas um prazer revigorante, uma necessidade. Não devemos cultivar o ócio como contrapeso, mas pelo simples e puro deleite de fruí-lo como expressão de vida. Quem não se sentir com tutano suficiente para o necessário e útil, que se reserve em boa hora para o desnecessário e inútil. A pausa e o descanso são refrigério para o desmedido afã de racionalizar todos os atos da vida. Digo, pois que, ao lado da função moral e de consciência, a autoanálise descomprometida exerce em relação a mim uma função de recuperação da infância, autorizando-me a praticar gestos que como adulto eu não poderia.
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