Meu tempo parou naquela manhã de sábado
perder
é o vento
no vazio
é ventre
escuro de um terreno
é o fundo
do mar
umbigo do
mundo
porque um
cativeiro
é
o ventre que me pariu
o vento
escuro de ventre
vou
aprender a ler
pra
ensinar meus camaradas
entendeu?
a
prender a
ler
mas no
caso deste texto, não se trata de questões de fundo, mas de forma
para mim
o texto perdeu o interesse no final
perdeu
não é o
final
é só a
metade
o final
também não tem fim
o início
do texto tem um brilho que se perde a partir de algum ponto
porque
meu texto tenta ser um cadinho de mim
mas não é
provável que seja
nunca será
se perder
é normal e é uma qualidade não estrutural
perder
sentido
perder o
brilho
não quero
brilho
não sou
brilho
ainda
acho que você deveria sair um pouco de vc
sou um
pervertido
sozinho
no deserto
um
andarilho
e gosto
quando seu texto é narrativo
pode
achar pode se perder
eu
escrevo assim
eu acho
que é isso que eu sinto falta de mais quando te leio
do meu
umbigo pra mim mesmo
não me
interesso por mais nada
claro
que não
consigo entender
o texto é
isso
não
entendimento
um filete
filamento
divisão
autobiografia
nunca acaba com o fim
se busco
"por que?"
encontro
"talvez"
o objeto
é inatingível
representado
nunca bem
um complexo
de Goethe
sonho
desbotado numa
colcha de signos
a
milionésima parte enfeitando a estante
uma tentativa infrutífera
uma
vaidade, uma mentira
ou várias
uma meia
metade
meia
metade e meia
uma meia verdade
o pecado
mais íntimo
escrevo
talvez
também
além
por causa
do medo
um
diletantismo medonho
dilacerar
a si mesmo
antes da
ponta do lápis
atrás da
parede
um desejo
um beijo
na página em branco
um mero
"motive" Underlines
o último beijo. Sempre o último beijo de amor. Sempre o desejo, um vestígio e essa
vontade de ser Deus.
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