quando eu morri, Jimmy

__ E você? - perguntou Deus – com que música vai querer fazer a “passagem”?
__ Passagem? – perguntei de volta, meio sem saber. Sabendo que na língua “falada” não se “enxerga” aspas nem itálico,nem Maiúsculas nem parênteses.
__“Quanto custa? tem que pagar?” – uns gritavam lá da frente.
__“Vai demorar muito?” outros indagavam lá de trás e continuei minha entrevista.
__ Olha, nesse casso vou precisar da ajuda do Senhor – repliquei em desespero.
__ Ô meu querido, meu Filho agora está em outro cargo...
__ Mas Ele, por acaso, desempenha outra “função”? Tira férias, ou coisa assim, e vai pro Paraíso? (pensei que fosse um cargo honorário, pensei)...
__ Meu caro, qual música você vai querer no seu ritual de passagem? – explicou São Pedro, mediador da conversa nos “portões do céu” – ...na hora da sua “transição” – continuou meio exaltado – da carne para o espírito? – concluiu.
__ Eu posso escolher? (Mas à essa “hora” eu já estava morto e agora, tô aqui tentando entrar no céu, ou isso é só um sonho?) – eu suava frio. Qual música eu vou querer quando deixar o corpo material para viver no plano espiritual? Mais essa agora... – vocês vão “editar”?
__ filho, essa é sua ultima escolha carnal... Responde logo, p-o..! – e São Pedro quase fala um palavrão, pensei.
__ Tudo bem tudo bem! Suíte pra dois pianos do Rachmaninoff – enchi a boca pra falar.
__ Pede aquela do Ghost! - uma senhora tentava me induzir.
__ Se fosse eu, pedia uma música brasileira - dizia o outro em voz alta, tentando me recriminar.
__ Elitista! - alguém gritou.
__ Burguês! - essa eu vi.
__ Qual?
__ Qual o quê? - perguntei.
__ Qual Suíte?
__ Suíte número 1 Opus n.5 Rachmaninoff!
Péééééeeééemmmmmmmmmmmm!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! soou uma sirene como se eu fosse ganhar um milhão, mas começou a melodia. O áudio era “divino”, Double Estéreo:
Pirilrim pirlim puppupupupupú papaprarararararã plrilim plrolo prlim...prolohm... Então eu me vi saindo do corpo, levitando, (me veio à cabeça a logomarca do YouTube) sendo carregado pelos braços por dois anjos fêmeos (um deles se parecia com a Brigite Bardô) sendo levado direto para alto das montanhas rochosas do Himalaia, lugar que eu sempre quis conhecer antes de “morrer”. Meu Deus! O Everest! – corta para uma cena que estou querendo copular com uma das anjas (a moreninha) e só encontro minha própria mão, então a outra diz em anjês –
__ Vamos “Petit”! – sim! então era “Petit” o nome dela.
__ E agora, o quê que eu faço?
__ ...
(Imagina se me deixam no Pão de Açúcar... achei melhor acordar, mas voltei a sonhar com os leões do Discovery Channel)


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