O Grande Prêmio
O policial tombou desmaiado no chão de terra, com a cabeçada do Estaca, e acabou morrendo de forma tétrica, nos arredores daquela cidadezinha. As estacas estavam lá, os buracos preparados pra fazer a cerca, funcionou como uma arma medieval. “Grandes merdas” sair de um “cu do mundo” para outro. Pra ver essas cenas de bárbara violência que raramente aconteciam lá no sertão de onde ela vinha. Lá só se matava calango, e pra comer. Uns tão grandes que alimentavam até a família do vizinho. Mas mesmo no meio disso tudo, a alma de Tereza chorava de satisfação por estar um lugar pouco mais civilizado. Pra se ter noção ela, quando chegou, nunca tinha visto um celular. Aquela era uma vida nova pra ela e não era difícil esquecer a aridez do agreste cearense... Um dia de sábado, quando tudo tudo acontece, a vida a paz o vicio e a guerra, a morte. Eles não tinham noção do próprio corpo, os meninos. Eles dançam, os meninos dançam e todo mundo dança no sábado à noite. Essa era uma enorme diversão pra Tereza que já não agüentava mais dançar forró e foi introduzida ao funk carioca, a coisa mais lasciva que já tinha visto. Pepe, o mais velho comandava a turma e cuidava de Tereza quando saiam todos juntos. o velho Guido, um italiano da Calábria que saiu de sua terra com quanta anos e casou com uma brasileira do nordeste. Maria da Lua morreu logo depois de dar a luz ao terceiro filho. Acontece que um dia um dia o velho chegou a casa e pegou em flagrante os três meninos. Eles tentando executar um plano, o plano de tomarem a força a ultima gota de dignidade de Tereza, eles tentavam estuprá-la. Guido pegou o 38 que guardava embaixo do colchão e se enfureceu com aquela cena. Em sua fúria de bêbado deu um tiro na cabeça do cachorro da casa, que não parava de latir, enquanto o velho vociferava. A partir desse dia, Tereza passou a dormir na cama de Guido. E a vida seguiu como antes.
crônica, Louco Abreu
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