Capa 2014

Populi ação


Res ipsa loquitur
As coisas falam por si mesmas











(a força do prejuízo causado que serve como prova mais do que o suficiente pela negligência cometida)

O povo, povo, povão. Que povoa as ruas, que ulula ação. O povo que pula carnaval, e também o povo que não, sai às ruas para com a amarelinha no peito e um coração. Pensa que nos enganam? Não. Um Rio de muitos, nessa ocasião especial em que sediamos o campeonato mundial de futebol, é um Rio distinto. O riso catártico é político. 

Ah... político, manda a tropa, o choque, a pacificadora, o exército. Contra força não há resistência, mas não se detém um pensamento. Muitos, no caso, que na praça de convergências se ajeitou no mesmo.  O mesmo desconforto. Como vestir uma roupa que já não serve em nosso corpo. Assim, povo, povo amadurecemos. 
Vox Populi, vox Dei. Os iluministas sabiam o que disseram. Ao contrário de outros que teimam em dizer que tal elocução, impetrado, obsecrado como um grito que liberta, não é uma verdade epistemológica, senão mera opinião. 
Mas, meus caros, por muito menos do que tal inversão – poder divino e o poder humano o substituindo – fizemos revolução, revoluções. 
A doxa – ou opinião própria, opinião pessoal – é uma vez mais, inserida no contexto histórico, na singularidade desse evento chamado Copa, estimula uma vez mais o pensamento coletivo.
Não é populismo, não há nação para um povo que trabalha quase sem repouso e sem compensação. Abstêmio de gozo e gritos de gol que arrancam essa dor do peito, essa dor que não se conhece, esse desconforto oblíquo que já não cabe em si. Mesmo que o sorriso seja falso...
Rio porque te amo.  


Gustavo Perez

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