Copa sem fim






Eu assisti várias copas do mundo. Meu pai curtia Benito de Paula. Aprendi a discotecar quando achavam que eu já era capaz de virar o lado do disco. Lá em casa ouvíamos muito samba. Ele inclusive adora Alcione, a Marrom, se bem que ela é jazzista nem tanto sambista quanto pensam. Mas enfim, em 86 achava que o Zico era “o” cara.
Já em 1990 nem me lembro tanto. Acontece. Mas meus amigos... em 1994 eu tinha 18 anos e estava em campinas por conta de um primeiro amor. Tipo jogador correndo atrás da bola. Centroavante. Marcação acirrada. Amava a Leia, minha primeira namorada. Ela era linda. Bem ao menos naquela época. Eu nem ligava muito pra Copa do mundo, mas calhou de chegarmos a final. Brasil vs. Itália. Não havia muito favoritismo, como dizem.
Nesse dia fomos assistir o jogo na casa dos donos do Centro Cultural Vitória, uns coroas bem legais. Eu, como estrangeiro em terra estrangeira, nem estava prestando muita atenção no jogo. Até que fomos para os pênaltis.
Confesso que estava mais entretido com os cachorros quentes e outras milongas más que a nossa anfitriã havia preparado quando... bang! O italiano rabinho de trança, bem brega, estilo cantor sertanejo, codinome Baggio, Roberto, acerta um chutão que quase isola a pelota pra fora do estádio. Num alvoroço de filme de Fellini, voou pipoca pela sala inteira. Sem brincadeira. Chuva de pipoca. Foi quando me dei conta de que havíamos ganhado o título. Todos se ergueram imediatamente vendo aquela cena inesperada. Então, éramos campeões do mundo, e o mundo parecia ser nosso aquele dia.




Gustavo Perez

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