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Belo Horizonte, 11 do junho de 2014
Cláudio,

Quando se tem caráter ainda se tem na vida a própria aventura típica, que sempre se renova.
                                                                           Nietzsche, Além do bem e do mal

Não sei ou não sou a pessoa apropriada para contextualizar o que se passa em minha vida nesse exato momento. Talvez um olhar distante possa dizer melhor o que sou e como de que forma, mas nunca porque, ajo dessa maneira. Agi eu venho agudo em minhas notas mais banais, solfejando os tons da melodia macabra de um opus de Chopin ou coisa assim, um Paganini, um mótuo perpetuo que não quer ser eterno nesse interminável perpetuar-se sem conclusão, sem fim.
Como foi que nos conhecemos? Sim eu sei. E como é que estamos ligados por palavras que constroem a imagem de nossa imaginação? Que no mundo de reclusão sonhou ser livre de amarras, teve a ilusão da fala, mas in fans nunca disse nem dizer pode afirmar com eloquentes discursos que jamais foram ouvidos.
Acho que já falamos sobre isso. Acho que todavia porem não chegamos a esgotar o assunto. Sequer entramos no fato de sermos apenas animais que afoitos na ansiosos por se autobiografarem lançam-se no abismo do verbo.
Assim que terei que me ausentar por duas semanas, mas não será pra sempre. São semanas de reabilitação necessárias ao corpo e a alma, você compreende. Ainda mais que a Copa do Mudo não me apraz nem um pouco. A vida no gueto está mais que me deixando louco. Uma loucura que já não pede passagem. E o tempo da estadia na estalagem promete ser vil servil e servir para que me esqueça de mim mesmo – a verdadeira redenção. A doação completa do amor é quando não pensamos em nos mesmos, Cláudio.
Agora, cativei meu próximo. Devo cuidar. Sou eterno e eternamente responsável por você. Quando lembrar meus cabelos amarelados e quem sabe um principezinho lhe vier a cabeça, saiba que estou lá onde for, do seu imediato lado, em pensamento, força e glória.
a poesia merece essa memória, esse registro de que fomos, somos, estamos ligados, por um laço interplanetário.
Peço-lhe que administre o blog da melhor maneira que puder. Em grego falarás e troianos hão de ouvir. Paira então acima do que é bem e mal pois ninguém sabe a alma que tem, ninguém conhece o que é mal nem o que é bem. Que nem ânsia nem magoa nem desilusão distante chore. E se algum feiticeiro vier sonhar sobre tuas inspirações, quando deitado em algum leito loquaz. Ora não se demore em cortar pedaço a pedaço o duro córtex e jogar fora o que de fato ali se insinuou.
Ensina teus demônios a seguir suas regras. Conduz teu arado sobre a ossada dos mortos. Deflora a festa de Afrodite na celebração de Baco, em gloria aos frutos que Minerva há de gerar mais adiante.
Seja galante, seja o homem que espera a vida. E a vida te dará em dobro. Eu estarei de novo para segurar sua mão e seguiremos juntos pelo deserto que não mais apresentará nenhum traço de aproado desnorteio.
Semeio a paz entre as palavras que hás de criar, e quero que as faça com primor.

Daquele que encontraste e em contraste contrasta mas convive eficaz e epifítico encontro, somos um, somos mil, somos um espiral ad eterno infinito, nova rosa se deflora, nova hora, nova prosa, novo germe de esperança existencial.

Seja turista acidental no estrangeirismo do verbo, como Borges, como ontem, como el for...

Amigo, confio essa página a vossa grande pessoa.
De um sempre Gustavo, mais que nunca,

Abraços de pássaro primaveril,


Poeta sem mágoas,

Gustavo Alvarez Perez

Comentários

Gisa Dias* disse…
Obrigada pelo elogio, acaba sendo um incentivo a não deixar o blog de lado, muito menos parar de escrever...

beijo

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