Copa
Hoje saí pra ver a Copa. A Copa do Mundo.
Você sabe o que é. Tinha gente demais na rua. Gente de pé e sentada. Gente
atrás de gente em filas entre multidões. Todo mundo com uma lata de cerveja na
mão. As mulheres com barrigas de fora batiam no meu nariz seus umbigos. Quase
lambi uns selinhos. Mas me contive. Estava comigo mais uns meninos vizinhos e
minhas irmãs Swellen e Keittie Kelly, menores que eu que me davam a mão entre a
multidão durante esse negócio de Copa. Do mundo eu vi um monte de gringo, cada
qual mais gordo que o outro, enfiando a mão no cangote das brasileiras felizes.
Todos pareciam ter estrelas nos olhos. Nem olhavam pra nós pequenos misturados
com a multidão. Nem sabiam de nós atrapalhando seus passos, mais parados do que
andando. O jogo já havia acabado, nem sei quem ganhou ou perdeu. Não era
Atlético ou Cruzeiro ou Brasil e alguma coisa. Eram dois times de gringos que
não sei o que eram. Mas sei que os umbigos luziam, escorridos de suor e um
selinho lambido naquele umbigo parecia um sonho. Mas era preciso tirar algum
proveito da copa.
Cláudio Rodrigues
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