Afinal, onde está o texto?
Um giro pela arte
“O grafite está para um texto, assim como um grito está para
a voz”
Paulo Leminski
Paulo Leminski
Afinal, o que é o texto?
Ao
discutir a posição do grafite diante do conceito de arte, tal como é concebida
na contemporaneidade, nos colocamos a frente de um enorme giro em torno da Arte
ao longo da evolução da raça humana.
Ao fim da caçada, com as mãos lambuzadas de sangue, o homem das cavernas apoia-se em uma das paredes e, por um acaso, deixa o gravado o primeiro registro de sua existência. Deve ter sido assim que tudo começou.
Ao perceber que aquela era a representação de sua mão, ele tenta reproduzir outros modelos gráficos (do latim graphicus, -a, -um, desenhado por mão de mestre, perfeito, completo, do grego grafikós, -é, -ón, capaz de desenhar ou de pintar) do pensamento.
a descoberta das pinturas pré-históricas promove uma grande discussão no mundo científico, entre os evolucionistas, que tentam atribuir sentido lógico a elas. Não se imaginava o que homem pudesse ter “consciência” do próprio pensamento.
Elas exibem uma iconografia variada, em vários "estilos", técnicas e materiais.
Em geral, trazem representações de animais, plantas e pessoas, e sinais gráficos abstratos, às vezes usados em combinação.
Sua interpretação é difícil e está cercada de controvérsia, mas pensa-se correntemente que possam ilustrar cenas de caça, ritual, cotidiano, ter caráter mágico, e expressar, como uma espécie de linguagem visual, conceitos, símbolos, valores e crenças.
Muitas composições são louvadas pela sua beleza e refinamento e seu apelo visual.
Por tudo isso, muitos estudiosos atribuem à arte pré-histórica funções e características comparáveis às da arte como hoje é largamente entendida, embora haja uma tendência recente de substituir a denominação "arte" rupestre por "registro" rupestre, considerando a incerteza que cerca seu significado.
Permanece, de todo modo, como testemunho precioso de culturas que exercem grande fascínio contemporaneamente mas são ainda pouco conhecidas.
Fato é que, todo registro gráfico contém uma mensagem que será transmitida e interpretada e reinterpretada, pelo sujeito observante, infinitas vezes.
o Homem da pré-história obviamente sentia fome (um legi-signo simbólico que conhecemos através da palavra fome.). Contudo, nesse período (período quaternário, quando o homem surge sobre a face da gleba terrestre) os primeiros bípedes viventes e pensantes não dispunham de uma linguagem preconcebida (sistema de signos linguais utilizados para representar uma ideia. Ideia - uma coisa que está no lugar de outra coisa) para transmitir o pensamento. Então ele reproduzia a imagem da caçada que lhe vinha à mente, no plano de imanência, o cenário onde as ações aconteciam.
Então dou um salto histórico para outra questão –
Ao fim da caçada, com as mãos lambuzadas de sangue, o homem das cavernas apoia-se em uma das paredes e, por um acaso, deixa o gravado o primeiro registro de sua existência. Deve ter sido assim que tudo começou.
Ao perceber que aquela era a representação de sua mão, ele tenta reproduzir outros modelos gráficos (do latim graphicus, -a, -um, desenhado por mão de mestre, perfeito, completo, do grego grafikós, -é, -ón, capaz de desenhar ou de pintar) do pensamento.
a descoberta das pinturas pré-históricas promove uma grande discussão no mundo científico, entre os evolucionistas, que tentam atribuir sentido lógico a elas. Não se imaginava o que homem pudesse ter “consciência” do próprio pensamento.
Elas exibem uma iconografia variada, em vários "estilos", técnicas e materiais.
Em geral, trazem representações de animais, plantas e pessoas, e sinais gráficos abstratos, às vezes usados em combinação.
Sua interpretação é difícil e está cercada de controvérsia, mas pensa-se correntemente que possam ilustrar cenas de caça, ritual, cotidiano, ter caráter mágico, e expressar, como uma espécie de linguagem visual, conceitos, símbolos, valores e crenças.
Muitas composições são louvadas pela sua beleza e refinamento e seu apelo visual.
Por tudo isso, muitos estudiosos atribuem à arte pré-histórica funções e características comparáveis às da arte como hoje é largamente entendida, embora haja uma tendência recente de substituir a denominação "arte" rupestre por "registro" rupestre, considerando a incerteza que cerca seu significado.
Permanece, de todo modo, como testemunho precioso de culturas que exercem grande fascínio contemporaneamente mas são ainda pouco conhecidas.
Fato é que, todo registro gráfico contém uma mensagem que será transmitida e interpretada e reinterpretada, pelo sujeito observante, infinitas vezes.
o Homem da pré-história obviamente sentia fome (um legi-signo simbólico que conhecemos através da palavra fome.). Contudo, nesse período (período quaternário, quando o homem surge sobre a face da gleba terrestre) os primeiros bípedes viventes e pensantes não dispunham de uma linguagem preconcebida (sistema de signos linguais utilizados para representar uma ideia. Ideia - uma coisa que está no lugar de outra coisa) para transmitir o pensamento. Então ele reproduzia a imagem da caçada que lhe vinha à mente, no plano de imanência, o cenário onde as ações aconteciam.
Então dou um salto histórico para outra questão –
Seriam os deuses
astronautas?
Supomos
que deus fosse uma representação criada pelo homem, a imagem criada por
Michelangelo. No caso eu teria que estar diante a imagem para ver Deus.
“Deus é um grito na rua” escreveu Mandelstam.
Gustavo Perez
Vejamos o que o nosso caro Nilo Zack tem a dizer.
“Deus é um grito na rua” escreveu Mandelstam.
Gustavo Perez
Vejamos o que o nosso caro Nilo Zack tem a dizer.
G.P.
Zack, você desenhava na infância? teve alguma fonte de inspiração dentro de casa? Como surgiu a inspiração primordial?
.
N.Z.
Eu desenho sim desde criança, tenho alguns desenhos que datam de mais ou menos 1990, quando eu tinha 4 anos. Como toda criança falava sem parar e para me manter calado e fora de confusões minha mãe me colocava num canto para desenhar, e ali eu permanecia por um bom tempo.
Meu pai e pintor letrista (faz letreiros, faixar e etc.) então sempre tive contato com tintas e pinceis acredito que daí vem a influência.
.
G.P.
Qual o caminho que trilhou em seu trabalho, para chegar aos indiozinhos que você cria?
.
N.Z.
comecei no Graffiti em 2004/2005 numa oficina de um projeto social no Taquaril, depois fui me aprofundando nas técnicas de pintura e procurando conhecer um pouco o universo das artes. Em 2010 em um trabalho para a faculdade surgiu o primeiro "Menino Palhaço" que foi baseado em meu sobrinho.
.
G.P.
que tipo de música você ouvia na adolescência?
.
N.Z.
como um típico adolescente tive minhas fases, mas as mais marcantes foram o Rap e o Rock.
.
G.P.
e como você faz com as dimensões, Zack? Imagina, ou faz um rascunho, ou sei lá, sua visão dimensional...
.
N.Z.
imagino na hora, gosto sempre de usar toda a superfície que tenho.
Zack, você desenhava na infância? teve alguma fonte de inspiração dentro de casa? Como surgiu a inspiração primordial?
.
N.Z.
Eu desenho sim desde criança, tenho alguns desenhos que datam de mais ou menos 1990, quando eu tinha 4 anos. Como toda criança falava sem parar e para me manter calado e fora de confusões minha mãe me colocava num canto para desenhar, e ali eu permanecia por um bom tempo.
Meu pai e pintor letrista (faz letreiros, faixar e etc.) então sempre tive contato com tintas e pinceis acredito que daí vem a influência.
.
G.P.
Qual o caminho que trilhou em seu trabalho, para chegar aos indiozinhos que você cria?
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N.Z.
comecei no Graffiti em 2004/2005 numa oficina de um projeto social no Taquaril, depois fui me aprofundando nas técnicas de pintura e procurando conhecer um pouco o universo das artes. Em 2010 em um trabalho para a faculdade surgiu o primeiro "Menino Palhaço" que foi baseado em meu sobrinho.
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G.P.
que tipo de música você ouvia na adolescência?
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N.Z.
como um típico adolescente tive minhas fases, mas as mais marcantes foram o Rap e o Rock.
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G.P.
e como você faz com as dimensões, Zack? Imagina, ou faz um rascunho, ou sei lá, sua visão dimensional...
.
N.Z.
imagino na hora, gosto sempre de usar toda a superfície que tenho.
Eis que nosso amigo Cláudio Rodrigues assume a entrevista.
C.R.
seu traço é incrível, parece ficar horas se exercitando. Como é seu dia a dia quanto ao grafite?
.
N.Z.
pinto 5 vezes na semana, às vezes só alguns traços pra sentir o cheiro da tinta...
.
A técnica a serviço dos homens
O espaço se desdobra quando se coloca nele,
intencionalmente ou não, um objeto, ou quando nele se desenrola um ato. Não é
apenas o objeto que faz o espaço se desdobrar, mas o gesto, e se for o caso, a
intenção. Cria-se desta forma um aqui e um ali, um aquém e um além, um centro e
suas bordas. O lugar-objeto, que o lugar e o objeto tornam-se, é agora o umbigo
do mundo. Um deles, porque o mundo não tem um só umbigo.
O objeto colocado, intencionalmente ou não,
em um espaço, funda também um tempo novo. Um antes e um depois que o objeto foi
colocado. E torna-se exatamente um dos umbigos do mundo porque tem o poder de
fundir tempo e espaço em um gesto, que pode ser natural ou fundado por um
homem.
Como pode ser algo que possa ter acontecido
em um lugar, um fato ou um acidente, naturais ou não. A morte de alguém, a
queda de uma pedra, a erupção de um vulcão, uma onda gigante que lambe uma
cidade. Tudo tem o poder de fundar um espaço e um tempo novos.
Os homens antigos, os mestres da verdade da antiguidade, sentavam-se no chão sobre uma
esteira, em um dia de festa ou de feira, e em um canto-falado, um recitativo em
algaravia, descreviam o que com as mãos traçavam na areia à sua frente.
Primeiro os astros. O sol, a lua, as estrelas, os planetas. O nome dos ventos.
O leste e o oeste, o norte e o sul. A águas, as cheias, as chuvas, as secas. Os
grãos. O gado. A caça. As feras. As aves. Por fim, o homem povoa o universo. E
cheia de deuses, a areia na frente do sábio se constela. Quando todo o universo
conhecido está enfim representado, o sábio passa as mãos sobre a areia e
rapidamente a areia é devolvida a ela mesma e se desmancha toda a representação.
Assim o universo conhecido era também
representado nas paredes das cavernas. O sol, a lua e as estrelas, o homem e
sua lida, a caça, a messe, os animais domésticos, o aqui e o ali, os pontos
cardeais, o antes e o depois, o lugar do homem no universo, o lugar do universo
no homem. E possivelmente, enquanto era pintado, o representado era cantado,
entoado, relatado o fazer enquanto se o faz. O universo está presente. O homem
dentro dele. Ele dentro do homem. O canto e o traço o fizeram. O ser se
manifesta.
Cláudio Rodrigues
C.R.
seu traço é incrível, parece ficar horas se exercitando. Como é seu dia a dia quanto ao grafite?
.
N.Z.
pinto 5 vezes na semana, às vezes só alguns traços pra sentir o cheiro da tinta...
.
C.R.
interessante. Mas você atingiu uma perfeição que parece que fica horas pintando. Como você chegou à perfeição de que estou falando? Qual foi seu percurso no desenho, na pintura e como chegou ao grafite?
.
C.R.
De 2010 a 2012, ficava muitas horas pintando, já cheguei a pintar 12 horas direto, no trabalho feito na rua dos Guaicurus com São Paulo. Comecei com desenho quando criança, depois comecei a pintar com a Pichação, dela fui pro grafite e dele pro mundo das Artes Plásticas...
interessante. Mas você atingiu uma perfeição que parece que fica horas pintando. Como você chegou à perfeição de que estou falando? Qual foi seu percurso no desenho, na pintura e como chegou ao grafite?
.
C.R.
De 2010 a 2012, ficava muitas horas pintando, já cheguei a pintar 12 horas direto, no trabalho feito na rua dos Guaicurus com São Paulo. Comecei com desenho quando criança, depois comecei a pintar com a Pichação, dela fui pro grafite e dele pro mundo das Artes Plásticas...
(continua...)
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