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Mas pelo
fato de a poesia, em comparação com o pensamento, estar de modo bem diverso e
privilegiado a serviço da linguagem, nosso encontro que medita sobre a
filosofia é necessariamente levado a discutir a relação entre pensar e poetar.
Entre ambos, pensar e poetar impera um oculto parentesco porque ambos, a
serviço da linguagem, intervêm por ela e por ela se sacrificam. Entre ambos,
entretanto, se abre ao mesmo tempo um abismo, pois “moram nas montanhas mais separadas”.
Agora, porém, haveria boas razões para exigir que nosso encontro se limitasse à
questão que trata da filosofia. Esta restrição seria só então possível e até
necessária, se do diálogo resultasse que a filosofia não é aquilo que aqui lhe
atribuímos: uma correspondência, que manifesta na linguagem o apelo do ser do
ente.
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