cartas

Não termina quando acaba



Belo Horizonte, 12 de setembro de 2014. Ano do cavalo.




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Segue. Sigo escrevendo essa interminável carta, Tristessa, há vários dias do eterno.. como um diálogo cotidiano entre nós, como no passado aconteceu. Se já não posso travar contato verbal, sigo escrevendo.. vendo surgir no papel as letras que a palavras fiam. O meu vocábulo é limitado.

Belo Horizonte, 6 de setembro de 2014. Ano do cavalo.


Por que sinto essa dor no coração? Essa angústia. Era pra ser assim? Nem sei de tudo que escrevo. A ponta dos dedos sabe mais de mim. Só não consigo esquecer. Fui ver o mar. Lembrei tanto de você. Fui para te esquecer, mas você se escondeu dentro de mim. Dentro do meu labirinto secreto. Isso me fez que não tive culpa ao conhecer você, e amar. É o que sinto, o que se escreve constrito. Assim assombrado, recluso, confuso. Quando saio, não sei quem pode ser meu algoz, temido, talvez desejado. Não surfei direito o auto-extermínio, não surtiu efeito. E você? O que fez naqueles oito dias de março enquanto estive preso? Acho que nunca vai saber o sentido do silêncio a que me refiro. Prefiro até que seja desse jeito. Ele mesmo ficou mudo. Ainda sem coragem eu te pergunto, o que teria feito mau pequeno que te deu tanto prazer? Ou teria sido tudo um absurdo? Forjado. O respeito é sintoma do medo, e a síndrome é o que desertifica as palavras. Eu devia ter sabido só de mim, do meu falo com todo respeito. Solitário, precavido, todavia um tanto egoísta também. Saber-se só é assim.

Comentários

Lucí disse…
Verdades sofisticadas...
Gustavo disse…
meias verdades, Lucí

Unknown disse…
Que bonito!
Gustavo disse…
Obrigado, Pedra...
Unknown disse…
Eu que agradeço pelas palavras lidas
Gustavo disse…
lindas*
rs

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