...porque o entardecer é vermelho
esse pequeno entardecer...
Agora chego a querer pensar que
esses são os últimos dias do meu vazio de xamã. Meu banzo de guerreiro. Minha noite.
É preciso um amor supremo para atravessar a hora do desespero. Uma paisagem que
surge resplandecente diante se si mesmo. O deserto se despe entre o céu e
a terra.
Viver é desfrutar do trabalho e do bem-viver, eu espero e desejo e quero. Mas de repente, tudo se me nega, fujo pra Eritréia ou vou pra Rodésia do Sul, onde tenho amigos cativos. O sol de outono aquece docemente, mas em África todo calor é mais. Já não bate em meu peito amor por um mundo velho pleno de novas formas de comunicação. Já não sabem que existe um mundo invisível. Eu quero estar incomunicável para conversar com o Deus que eu criei. Falar e ouvir a mim mesmo. Depois, reaprender a falar com o tom vocal que nunca se esquece. Não tenho pesados livros para carregar no caminho, nem chagas, nem mágoas. Não tenho janela pra rua, já fazem quintas noites, não tenho mulher seminua adormecer nos meus braços cativos e meu abraço forte. Não tenho laços afetivos, senão de família, que me prendam ao belo e resplandece mais um horizonte, e novamente na verticalidade vê-se estrelas cadentes e nada mais foi como antes, nada mais há de ser adiante. Não há mais ranger de dentes. Somente o verbo cravado na pele crua.
Não é
preciso trair a si mesmo (no sentido de ir contra a própria ética), mas faz-se
necessário romper com as próprias tradições. Intrinsecamente. Mais do que
hábitos e costumes apenas. Ninguém sabe mais quais são os costumes da
atualidade. Ninguém mais sabe o que é bom ou ruim, nem o que é bom, nem o que é
mau. Ninguém sabe quem está bem qualificado para o bom. A ideia nova, le noveau
iddé. Mais do que ocupar-se com a desteritorialização social. Bem, por que
estou aqui a essa hora escrevendo? Pão de chocolate e meu amigo Gustav Klimt
vai ajudar a vender na feira dos pintores, sábado pela manhã, no largo da
Travessa. O próximo será Gustave Coubert, que me linkou hoje pela manhã e já
combinamos. Obreiro mais alto da arte, cheio de sonhos. O pão é integral e
íntegro, entrego, dependendo do local. Será que isso é tiro ou tiroteio?
Impossível não
ouvir as ramificações do hipertexto, manifestações. Apenas a dor de quem vai...
A lua sorrindo, alto se expõe no céu janela afora madrugada adentro, noites
adentros. Estamos impróprios para o consumo. Saímos do prazo de validade e
entramos para o submundo. Li o resumo do caso em que me acusa de, e em suma
assumo a responsabilidade sobre o crime de haver poupado a sua vida. Rintonelo
na comédia bufa doce torta e anjinhos gordinhos, sobrevoando. Num sei... tudo
que eu penso já foi dito. Uma bOboleta amarela pousou na minha tela. Porque a
gente se embriaga? Só a gente querer ser e tudo se atrampa no fio da navalha.
Sem cortes, pisando em ovos, passando pela brasa. Pão assando no forno. Tudo é
organico, inclusive a madrugada, as freiadas, os foguetes, a luz do céu.
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