Hoje deixa a página em branco. Deixa ocultas as palavras que não faz mais sentido repetir. Deixa apenas a doce melodia dessa triste caminhada. Deixa apenas a lembrança das coisas boas que fazem os casais. As coisas mais brandas e mais sutis e mais banais. A estrela que nos vigia. O nome dos filhos. Afetividade. Deixa-me respirar mais fundo pra tentar responder todas as perguntas prementes. Deixa afastar os “problemas” que só existem tão fugazes. Somos eternos? Essa vida nos derruba, mas Chet Baker e um baseado nos acalma. Dormir também faz bem, embora não resolva o problema. Deixa essa noite seguir e dá o conforto que necessitamos. Sem conhecer os segredos, mas acreditando nos mistérios. Deixa cair sobre essa segunda-feira formas gloriosas de rememorar. Derrama a esperança em nossa busca interior e pessoal. Deixa os problemas de lado. Deixa a fluoxetina tomar conta da humanidade. Nenhuma dor de cabeça mais. Apenas o sono dos anjos. Nenhuma ansiedade mais se aproxima. Os ventos estão calmos. Passou a interna tempestade e agora reina a calmaria. Sentir prazer nas coisas pequenas, na espera delas. Ser humilde. Deixa que apenas essas palavras invadam nossa alma, nosso coração, nossos sentimentos. Estamos mais fortes. Deixemos o peso, vivamos a leveza. O silêncio cai sobre nós graças ao amanhã.

Comentários

a fluoxetina faz bem,gostei do poema.
Anônimo disse…
A palavra e seu efeito catártico, costuma ser bom, minha droga favorita.

Beijo.
lírica disse…
Que bonito Gustavo!
nydia bonetti disse…
deixar cair sobre nós os dias, como as folhas das árvores caem. a vida simples, em toda sua amplitude - eis o segredo do que chamamos ser feliz. sabedoria oriental - que demorei tanto a aprender. e só a base de prana. :) um texto que toca, gustavo. abraço.

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