vesúvio jazz cafe


A vendedora de rosas avança contando as estrelas. A lua cala diante de si, procurando por algum fato. Não sabe precisar se, todo dia, pensa com a razão. Pára em frente um mundo-sem-mim. No nascedouro dos fins. Querem-te calado. Não pode falar, menino. Alguém ouvindo me quer calado. Se as vizinhas falam elas estão ouvindo gonorréia. Falam de algum tipo de DST, não sei quê... O telhado de vidro sufoca as vozes. O apartamento em frente canta como um papagaio. Venha. Não se vá. Quero-te por completo, meu pé de laranja-lima. Mônica, dada essa gonorréia sonora, decifra textos e papéis de substituição. Não se meta com essa gonorréia, dados os fins e códigos embriagados, internamente ligados, embevecidos nas águas da lei. O pastorear das ovelhas sobre o critério de regras, métodos, arte. As coisas insanas me marcam como simples e quase banais. Não vejo mais, não leio mais, não quero ser influenciados por jornais. Disseram que uma nuvem cinza e densa soprava sobre o céu do norte do hemisfério norte. Esses tremores, prenúncios de fim de mundo, a minha alienação, a sua alienação, a minha ignorância, o seu desconhecimento, as disparidades, entretanto, entre tantos muitos eu me recoloco nessa cena para me reencontrar no momento em que algo dizer mudo, calado tenso e sem dizer, ficou por dizer. Ficamos entre, frente a frente, ou fiquei eu apenas, entre o que não consigo. E a vendedora de rosas não fala mais comigo. As flores encenam, acenam. Exalam perfume falso das pétalas lavadas. Não me atormenta mais aquela rosa amarela que desfolhou e perdeu a cor. Aquela tedesca morreu no Tempo. O que me tortura é a mudez. Essa mudez que falo, mas não consigo dizer. Minha voz não reconhece minhas palavras. Há tanto silêncio dentro de mim que lamento.

MMMMMMMMMMMMMMMM

Comentários

Marina disse…
Once é legal e nada apelativo, uma vênus...
Unknown disse…
silêncio ensurdecedor. nada mais do que simples palavras.

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