(Fragmentos)

Belo Horizonte, 12 de novembro de 2013. (Menos de três meses para o fim do terceiro ciclo.)

Querido Pedro, amigo e companheiro de intrépidas jornadas,

Escrevo essa carta em sinal de respeito ao próprio caráter de vossa pessoa e generosidade imensurável. De início devo dizer que me apraz lançar mão das diminutas partes do papel e usar todas as linhas e espaços que ele nos proporciona. Agora são 23 horas de uma noite sem fim. Estou sem a menor paciência de escrever, mas fazê-lo ajuda. Ou melhor, a escrita, lá nos tempos idos, a invenção do alfabeto grego, pelos gregos da antiguidade, criado para armazenar o pensamento, também tem sido, para o meu desespero, um exercício de acumulacionismo sem fim.
Você sente banzo, Pedro, eu sei. Talvez uma herança mal quista de África e dos verdes olhos de nossos antepassados, mas digo, deves tentar escrever, Pedro. Colocar pra fora suas impressões de transcendência. Deus, alma mundo.
Deus é o que no fundo somos nós mesmos. Alma é pensar que somos parte da representação do Todo, do eterno. Ai mora um panorama quântico. Ai reside um flutuante pontinho que, ao sabor do vento assimétrico de Tempo & Espaço, no emaranhado de fios que se cruzam e vão saldando dívidas de passado-presente-futuro, reformulando realidades, e, usar qualquer tempo verbal aqui seria impreciso, pois múltiplas realidades acontecem sincronicamente na malha dos acontecimentos.



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