Um compromisso com o acaso
Alguns chamam de sorte. Os freudianos chamam
de sincronicidade, de sincronia, ou sincronismo, tem a ver com tempo. Cronos
engole seus próprios filhos, a poeticidade na interpretação da cronologia, essa
fome sinistra. Outros chamam de coincidência, enfim, existem vários nomes para
o acaso – fado, destino, sina, ventura, sincronia, simultaneidade,
concomitância. Pode escolher. Esse último, o acaso, segue um movimento caótico,
acidental, quase mórbido, de suspense, batimentos cardíacos, adrenalina,
alívio. Transcendental, percebe?, um movimento não retilíneo e não constante em
velocidade. Só não se pode mesurar, medir, criar, inventar ou fabricar um
conceito novo capaz de explicar os porquês etimológicos da natureza humana e quantificar
e qualificar (o que fazem por ética, grosso modo dizendo, valores universais -
não matar, sexo não consensual também vai contra o senso-comum de civilidade) e
tudo aquilo que foge da natureza simplesmente humana, demasiadamente humana, a
imaginação, abstração. Roubaram-me uma crença, quando eu era criança. Como
roubam-te cá e lá ao longo da vida. Mesmo Kinsey, o maior taxonomista da
área (taxonomia – ciência da classificação) e suas pesquisas
revolucionárias sobre o sexo e as relações, não conseguiram qualificar,
quantificar, medir, criar a equação sexo/amor. Lembra-me o mito grego mais
antigo de Psique em busca de Eros.
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