3º
Um deletério constante em movimento contínuo que
não se contradiz, mas que, mimetizado em ondulações de ritmo, flutua invisível
o esquema rizomático. A minha realidade vista como canudos, linhas (que
transmitem ou não, ou são o próprio objeto em si) fluxos, refluxos e influxos
que se desnudam espectrais e, plasmados se cruzam e bailam se fundem e se
transpassam. Exemplo: para mim o domingo é um dia de reflexão à inspiração e
expiração que chamam semana. Percepções vagas bizarras. Exemplo: da
visão de uma doença que vos deixa a cara como máscara de monstros de lojas de
badulaques de carnaval de centro-da-cidade. Entendo que vivemos pensamos.
Pisamos em falsos e fóbicos beirais. Caímos em abismos intermináveis de
constante angústia, onde o que se duvida se divide se redivide se reconstrói.
Exemplo: um registro, quando aberto, canaliza regularmente determinada
quantidade de água que é mantida (renovada, aquecida, reaquecida...) em
determinado contêiner. Essa água se ramifica e se perfila através dos canos em
direção aos cômodos e registros: pia da cozinha, privada (acionada por uma verdadeira
descarga de água), pia do banho, etc. Tomemos o exemplo de uma casa, ou o
cérebro, a sociedade (cosmo que se pinta diariamente sobre uma tela
pré-determinada, pré-determinada; e se desfigura sob os nossos olhos com a
nossa inteira participação, apesar pelo olhar). Imaginemos então que todos
esses registros estivessem abertos: por dedução lógica, certamente haveria um transbordamento.
Metaforicamente o pequeno se infla ao estado de intercessão. Esse
estado pode causar dor e desorientação. É como ver-se na semi-escuridão,
palidamente, diante de um espelho; com as pupilas contraídas de quem estava em
um ambiente ensolarado. Você sabe que é você que está diante do espelho. Você
se reconhece por um vulto de si mesmo, mas não se vê inteiramente. Não se reconhece
totalmente como objeto, senão, através de uma estrutura ou sistema, através de
grandes sínteses do pensamento e padrões herdados pelos costumes. Senão através
da síntese. Senão através de ilusões abrigadas nas teses sociais
grandiloqüentes. Essas ilusões (da ótica, no caso), se tornam fluxos indizíveis
de violenta intensidade, coerente e não-coerente, resultando em nódulos ou
interpolações. Nada mais angustiante do que pensamentos que fogem à nossa
percepção. Esse sentimento causa um conflito de entendimento e retorna à
gestalt hegeleniana. Por fazer parte do ambiente (unwelt) mundo, as
pupilas se adaptam no cômodo escuro onde entraste, e passa a ver a escuridão
com certa nitidez. Um registro milhares de vezes fragmentado. Fractal. Através
de perceptos e afectos, no plano de imanência, assim considero a aquisição de
conhecimento e as formas do absurdo (sem significado) que dele derivam.
Fragmenta-se a harmonia da paisagem até a pouco familiar: onde antes havia
nitidez, continuidade e causalidades explícitas, hoje proliferam as ruínas, a
descontinuidade, o isolamento. Os trajetos físicos superpõem-se as derivas
virtuais; aparatos tecnológicos, ou melhor, processos de comunicação de base
tecnológica reconfiguram o espaço e impõem a necessidade de reorientar a
discussão sobre o problema.
Comentários