A voz do Mestre



Há não sei bem quantos anos atrás, com certeza mais de quinze, estava no supermercado acompanhando minha mãe na fatídica função de “comprar o mês” quando comecei e vasculhar uma daquelas prateleiras de cds onde geralmente encontramos pérolas do tipo: "É o tchan", "Xuxa" ou "Spice Girls" por R$ 9,90. Quando me deparei com um álbum de capa laranja, o perfil de um homem desenhado e o escrito "Academia de Danças", Egberto Gismonti. Gostei do "tipinho" e quis ouvir aquele sedutor "Álbum Desconhecido" (https://www.youtube.com/watch?v=_FpWGW4qKpE&list=PL8EaHn_WNh-1BdejThLo69-a4xuGcUsqo). 

Diferente de tudo o que me era “Anterior” (https://www.youtube.com/watch?v=liDyJKG0uv8&list=PLTh9zccpjNc2h61UPFtJ_NRe_2WG0eS7n), descobri uma nova atmosfera. Era como se eu entrasse pela primeira vez por uma porta encantada de onde nunca mais consegui voltar. Desviei nesse caminho muitas vezes, me perdi nas minhas necessidades efêmeras, superficiais, fáceis… Mas sempre gostei desse disco. Tenho mania de coisas esquisitas, de pessoas estranhas, de ser surpreendida por algo que não estou acostumada, do novo, denovo. Depois de me perder nesse jardim, pesquisei o cara, escutei todos os dias, fui a alguns shows e sei que não sei o "Motivo" (https://www.youtube.com/watch?v=8OstcoERO_M&list=PL3953F05F24AF5381) de metade daqueles arranjos, mas sei que todos o tem. 

Com ele, descobri que há dois tipos de música; a que precisamos e o outro tipo (feche a mão e levante dedo médio) e não sei descrever com precisão o porquê de sua existência. Palavras do próprio Egberto, a quem um dia tive a honra de entregar pessoalmente, em mãos e ao lado do Mauro Rodrigues, o primeiro álbum da Misturada Orquestra (https://myspace.com/misturadaorquestra). Espero que ele tenha sido encaixado, por ordem de chegada, nos guardados que, sem dúvida, Egberto vasculharia um dia. Isso faz algum tempo. Ele já deve ter escutado. Foi bom ouvir a história do Tio Edgard, compositor oficial da cidade do Carmo (https://www.youtube.com/watch?v=-RYsJTmOub8) e em seguida compartilhar da ânsia juvenil do Gis como regente da Orquestra de jovens formados na Proart.

Enfim, tudo isso pra dizer que foi muito bom ver um Festival como o “Vozes de Mestres” aqui em Belo Horizonte. No último domingo, ouvi histórias, fiz uma oficina de voz com a carioca Sonya Prazeres e finalizei o dia com o show do grupo indiano Mustafa Ali Jat. Isso sem falar dos cortejos,da feira, dos índios, da massagem, das comidas e de todos os envolvidos nessa festa linda que fez da cidade o mundo. É muito pra dizer aqui. Do Mestre, deixo o "Tributo a Wes Montgomery" (https://www.youtube.com/watch?v=wqBab-_aZ_Y) – das que nunca me cansam.

Brisa Marques

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