Letícia Wierzchowski
Nascida em Porto Alegre em 1972, Letícia Wierzchowski, antes de se dedicar à literatura, iniciou o curso de arquitetura
e trabalhou em diversas áreas. Publicou em 1998 seu primeiro romance, O Anjo e o Resto de Nós, relançado três
anos depois. Ao longo de sua carreira publicou onze romances, algumas novelas,
uma antologia de crônicas e cinco livros infantis. Teve seu romance, A Casa das Sete Mulheres, publicado em
2002, adaptado para a televisão e exibido em trinta países. Recebeu em 2012 o Prêmio Açoriano de Literatura, pelo
romance Neptuno, lançado no mesmo
ano. Alguns títulos que se destacam de seu /.../ são, além dos já citados, O Escritor Que Escrevia, de 2003; Um Farol no Pampa, de 2004; Uma Ponte Para Terebin, de 2005; Os Aparados, de 2009, e Os Getka, de 2010. Seu último romance, Sal, foi publicado em 2013. Em 2014, é
esperada a publicação para agosto de sua primeira tradução, As Cartas Que Não Chegaram, pela editora
Record, em que o escritor e dramaturgo uruguaio Mauricio Rosencof, relata sua
experiência como preso político durante a ditadura em seu país. E em setembro
será lançado o filme O Continente, baseado
em O Tempo e o Vento, de Érico
Veríssimo, cujo roteiro adaptado pela autora em parceria com o escritor
Tabajara Ruas, vem sendo trabalhado há seis anos.
Sal, o 11º romance da autora, lançado pela
editora Intrínseca, foi produzido inicialmente
para se lançado apenas para edição e-book. Tendo uma construção fragmentada, o
livro narra a história de uma família que vive em uma ilha, La Duiva (anagrama
para La Viuda), em um país ao sul do Brasil, tomando conta de um farol. Utilizando-se
de uma linguagem poética, a autora o dividiu em capítulos curtos, em que cada
personagem narra sua história, tecendo a história da família, indo e voltando
no tempo, desenvolvendo a narrativa através dos vários pontos de vista de cada
um. O livro se espelha na atividade de Cecília, a matriarca da família, que
tece um grande tapete, atribuindo uma cor para cada um de seus filhos. Escrever
uma história dando voz a muitos personagens, segundo a autora, é como tecer um
grande tapete entrecruzando diversas cores. Espelha-se também no livro que
Flora, uma de suas filhas, por sua vez escreve, baseado em suas vidas, trabalho
este, por sinal denominado O Livro,
que desencadeia os acontecimentos que irão desintegrar a família, deixando a
viúva Cecília, só em sua ilha, tecendo o destino de seus filhos numa clara
alusão à Penélope, mulher de Ulisses, da Odisséia
de Homero.
É um romance bem escrito, a trama é bem urdida
e a linguagem de que se utiliza a autora tem momentos de muita beleza, porém o
livro peca pelo clima e os personagens em excesso romanescos: marinheiros
fumando cachimbo, o tapete interminável da matriarca, feito para cobrir os 365 degraus
do farol, a viagem pelo mundo de personagens em busca do eterno verão, etc.
por Cláudio Rodrigues
por Cláudio Rodrigues
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