Noites Adentros, NY
p a r t e 6
Gi & Sam cold case
(c o n t i n u a . . . )
Gi & Sam cold case
Na manhã seguinte ao dia em que nos conhecemos, fui o primeiro a acordar. O sol brilhava forte, iluminando o dia. Ouvi um grande alvoroço de gente, vozes de crianças subindo e descendo. Depois, um agradável silêncio. Parecia que a cidade toda acordara de uma só vez, e cada um já havia se encaminhado para os seus afazeres. Saí à caminhar pela cidade, que não era grande nem pequena, comparada às cidades alpinas que eu conhecia. Subia pelas ruas de pedra, seguindo o cheiro de gelo e madeira molhada. Mais adiante, a nordeste, a suntuosa montanha que guardava ominosamente a cidade. Branca, coberta de neve. Taciturna à escuridão da noite, lúgubre sob o clarão das estrelas. Àquela hora brilhava radiante. A Madonna de Tirano.
Quando eu voltei, meus amigos já haviam debandado. Foram comprar mantimentos para a expedição. Depois eles iriam à Via Alpina, uma espécie de clube de alpinistas, consultar os mapas da região. Chequei se haveria alguém nos fundos da choupana, mas não, com certeza deixaram-me pra trás. Não sabia ao certo, quanto tempo eu passei caminhando. Perdia-me em minhas idéias. Vagava e devaneava. O pensamento voava alto, enquanto sentia e percebia toda a atmosfera ao meu redor. Já parecia tarde. Era melhor estar sozinho ali. Assim eu poderia escrever e relaxar. Essa sensação agradou-me, aquele dia.
Estávamos em um chalé de montanha bem simples. Uma sala e dois quartos. Duas camas em cada quarto. Uma área externa com fogão e banheiro com água aquecida por serpentina. No mais, era tudo muito rústico, pelo preço mais barato que encontraram.
O dia passou lentamente. Falei com Miguel sobre a brasileira que conheci, sobre o convite para ver a projeção de slides e a oportunidade de conhecer pessoas do local. Todos aceitaram ir e lá fomos nós, seguindo para a casa da brasileira. De repente uma ambulância passou por nós em alta velocidade, naquelas ruelas estreitas, e de sirenes ligadas. Pensamos ao mesmo tempo, e em silêncio, que aquilo era um mau presságio e continuamos andando.
Quando eu voltei, meus amigos já haviam debandado. Foram comprar mantimentos para a expedição. Depois eles iriam à Via Alpina, uma espécie de clube de alpinistas, consultar os mapas da região. Chequei se haveria alguém nos fundos da choupana, mas não, com certeza deixaram-me pra trás. Não sabia ao certo, quanto tempo eu passei caminhando. Perdia-me em minhas idéias. Vagava e devaneava. O pensamento voava alto, enquanto sentia e percebia toda a atmosfera ao meu redor. Já parecia tarde. Era melhor estar sozinho ali. Assim eu poderia escrever e relaxar. Essa sensação agradou-me, aquele dia.
Estávamos em um chalé de montanha bem simples. Uma sala e dois quartos. Duas camas em cada quarto. Uma área externa com fogão e banheiro com água aquecida por serpentina. No mais, era tudo muito rústico, pelo preço mais barato que encontraram.
O dia passou lentamente. Falei com Miguel sobre a brasileira que conheci, sobre o convite para ver a projeção de slides e a oportunidade de conhecer pessoas do local. Todos aceitaram ir e lá fomos nós, seguindo para a casa da brasileira. De repente uma ambulância passou por nós em alta velocidade, naquelas ruelas estreitas, e de sirenes ligadas. Pensamos ao mesmo tempo, e em silêncio, que aquilo era um mau presságio e continuamos andando.
A casa ficava nos arredores da cidadezinha. Enfim chegamos. Paolo abriu a porta, mas a Gi se colocou entre nós. Apresentei meus amigos e nós cumprimentamos. Paolo nos tratou muito cordialmente, como um bom anfitrião. Fomos os primeiros a chegar.
Dentro da casa pude ver a paisagem do lugar. As janelas pareciam quadros vivos, porém, um pouco nostálgicos. Miguel e Angel foram ajudar o Paolo a montar o equipamento de projeção. (como fomos os primeiros a chegar, também fomos os primeiros a ajudar) Miguel e eu seguimos pra a cozinha junto com a Gi, que foi logo nos dando tarefas sem o menor pudor. Eu cortando batatas e o Miguel cortando cebola. Balbuciei como que sussurrando pra mim mesmo:
__ Enfim, como chegou até aqui? – então, como bom memorizador, lembro-me que aconteceu uma coisa incrível. Após um brevíssimo preâmbulo, Gi recomeçou a contar a historia exatamente do ponto onde parou. Como se estivesse gravada em sua memória. Pronta e finalizada, formulada e cunhada em seu idioma pátrio, que não podia ser dito por que ninguém entenderia, esperando alguém apenas apertar o play. Alguém que tivesse o mesmo nível de cumplicidade geográfica e sensibilidade. Ela dizendo tudo com a maior espontaneidade,
__ Naturlisch. Cheguei até os Alpes de Kombi. O Samuel pediu um serviço de cozinheiro no hotel onde eu trabalhava. Não conseguiu como cozinheiro, mas eles o admitiram na lavanderia. Um tempo depois eu o Samie já éramos amigos. Dias depois éramos cúmplices, entende?
__ Entendo.
__ ...uma cumplicidade de forasteiro. Depois ficamos mais do que cúmplices e nossas conversas terminavam na Kombi.
Eram nove e meia da noite. O sol se colocava lá fora sobre a vila em estado incomum de alerta. Podíamos falar o que quiséssemos, enfim, somente eu e ela falávamos português ali. Paolo deu um grito para nos chamar, em dialeto tirolês, enquanto eu descascava batata e o Miguel às lágrimas, picava cebola. E a história daquele arquivo morto ficou ali mais uma vez, congelada naquele momento.
>>>¨<<<
__ Enfim, como chegou até aqui? – então, como bom memorizador, lembro-me que aconteceu uma coisa incrível. Após um brevíssimo preâmbulo, Gi recomeçou a contar a historia exatamente do ponto onde parou. Como se estivesse gravada em sua memória. Pronta e finalizada, formulada e cunhada em seu idioma pátrio, que não podia ser dito por que ninguém entenderia, esperando alguém apenas apertar o play. Alguém que tivesse o mesmo nível de cumplicidade geográfica e sensibilidade. Ela dizendo tudo com a maior espontaneidade,
__ Naturlisch. Cheguei até os Alpes de Kombi. O Samuel pediu um serviço de cozinheiro no hotel onde eu trabalhava. Não conseguiu como cozinheiro, mas eles o admitiram na lavanderia. Um tempo depois eu o Samie já éramos amigos. Dias depois éramos cúmplices, entende?
__ Entendo.
__ ...uma cumplicidade de forasteiro. Depois ficamos mais do que cúmplices e nossas conversas terminavam na Kombi.
Eram nove e meia da noite. O sol se colocava lá fora sobre a vila em estado incomum de alerta. Podíamos falar o que quiséssemos, enfim, somente eu e ela falávamos português ali. Paolo deu um grito para nos chamar, em dialeto tirolês, enquanto eu descascava batata e o Miguel às lágrimas, picava cebola. E a história daquele arquivo morto ficou ali mais uma vez, congelada naquele momento.
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(c o n t i n u a . . . )
Comentários
Quando eu crescer quero escrever assim.
Gu, ensina euzinha a colocar "videozinho pititico" no ladinho do blog como vc colocou no seu?
Bj
coloca 200 e 174, denovo 200 / 174 e salva código html normalmente.
Bjos,
Gus
ps: me conta se deu certo;)
eles deram uma volta e enorme passaram pela Tunísia..
aventura!
Küsses
Gus