Noites Adentros, NY
p a r t e 1 _ e x p e r i m e n t a ç ã o
Grenwich Villge - Big Town, small jazz Club...
Grenwich Villge - Big Town, small jazz Club...
__mais um Martini! – ok, gesticula de longe o garçom como se entendesse português.
__você tem dinheiro pra pagar toda essa conta? - e dá um trago no cigarro.
__você tem dinheiro pra pagar toda essa conta? - e dá um trago no cigarro.
Se eu não tivesse dinheiro não passaria nem na porta. Meu editor reservou a mesa, pois conhecia o lugar – o tradicional Village Vangard, na 42 com Park Avenue. Eu ia pagar com os duzentos dólares que ele me deu pra passar de quarta pra sexta. Bem, aquela seria a conta da semana.
Os músicos tocavam Flamenco Sketches enquanto eu sonhava em dormir naquele apartamento em que estava alojado, bem na ilha, e não era do Governador. Pensava na vista para as luzes da cidade e um pedacinho do mar que chegava ao porto. Ali perto, a estátua da Liberdade. Era um sonho se realizando. O Lloyd já devia ter ganhado uma nota com as entrevistas que dei pro jornal e a TV. O Steve não saía da minha cola e eu já estava claustrofóbico, não fosse a idéia de dormir naquele apê.
O jazz havia subido à cabeça, ou seria o Martini?
__Eu sou um escritor! Você acha que eu não teria dinheiro depois de publicar meu livro em quatro idiomas?
__Três.
__O Lloyd tá negociando com os franceses uma edição pequena.
__Você não odiava os franceses?
__É que agora eles pagam em Euro. E eu nunca odiei ninguém. Odiar não é um sentimento legal.
Fez-se um silêncio irritante, durante sei lá quantos minutos. Os músicos improvisavam e parecia que a música nunca mais ia acabar. Cada solo era mais longo e mais bonito que o outro, mas o trompetista não conseguia arrancar aplausos. Acho que não se usa isso mais. Estamos em decadência. High Lights from The Plugged Nikel. Era preciso dois pulmões para permanecer ali.
__Vamos embora, não aguento mais. – a Gislene, ou simplesmente Gi, já havia bebido sozinha uma garrafa inteira de vinho californiano.
__Ok. Vamos só ali, comer um pastel. – o pastel que eu dizia era um Kebab, em um restaurante 24h, o Tripoli, em Little Italy. Pegamos um táxi e fomos. A conta do bar deu 114 dólares e 94 cents. O taxista era português. é pá!
Eu estava meio cambaleando, mas a pimenta com certeza ia me deixar de pé. Depois, não era longe de onde estávamos. Dava para ir caminhando, iluminado por aqueles telões gigantescos, e, ainda àquela hora, mais ou menos duas, haveria muita gente na rua. Por volta de meia noite, quase uma, parecia meio-dia.
A Gi era paraense, neta de índios e filha de um alemão expedicionário. Carregava o mesmo espírito errante que ele levava quando foi se embrenhar na Amazônia, e no sangue, a bravura de uma guerreia silenciosa. Ela já havia morado na França e na Itália, próximo à fronteira com o cantão alemão da Suíça, em Tirano à beira do rio Adda, na região dos Alpes. Por isso falava Schweizer-Deutsch com longíncuo sotaque paraense.
(depois eu continuo com a história da Gi...)
Os músicos tocavam Flamenco Sketches enquanto eu sonhava em dormir naquele apartamento em que estava alojado, bem na ilha, e não era do Governador. Pensava na vista para as luzes da cidade e um pedacinho do mar que chegava ao porto. Ali perto, a estátua da Liberdade. Era um sonho se realizando. O Lloyd já devia ter ganhado uma nota com as entrevistas que dei pro jornal e a TV. O Steve não saía da minha cola e eu já estava claustrofóbico, não fosse a idéia de dormir naquele apê.
O jazz havia subido à cabeça, ou seria o Martini?
__Eu sou um escritor! Você acha que eu não teria dinheiro depois de publicar meu livro em quatro idiomas?
__Três.
__O Lloyd tá negociando com os franceses uma edição pequena.
__Você não odiava os franceses?
__É que agora eles pagam em Euro. E eu nunca odiei ninguém. Odiar não é um sentimento legal.
Fez-se um silêncio irritante, durante sei lá quantos minutos. Os músicos improvisavam e parecia que a música nunca mais ia acabar. Cada solo era mais longo e mais bonito que o outro, mas o trompetista não conseguia arrancar aplausos. Acho que não se usa isso mais. Estamos em decadência. High Lights from The Plugged Nikel. Era preciso dois pulmões para permanecer ali.
__Vamos embora, não aguento mais. – a Gislene, ou simplesmente Gi, já havia bebido sozinha uma garrafa inteira de vinho californiano.
__Ok. Vamos só ali, comer um pastel. – o pastel que eu dizia era um Kebab, em um restaurante 24h, o Tripoli, em Little Italy. Pegamos um táxi e fomos. A conta do bar deu 114 dólares e 94 cents. O taxista era português. é pá!
Eu estava meio cambaleando, mas a pimenta com certeza ia me deixar de pé. Depois, não era longe de onde estávamos. Dava para ir caminhando, iluminado por aqueles telões gigantescos, e, ainda àquela hora, mais ou menos duas, haveria muita gente na rua. Por volta de meia noite, quase uma, parecia meio-dia.
A Gi era paraense, neta de índios e filha de um alemão expedicionário. Carregava o mesmo espírito errante que ele levava quando foi se embrenhar na Amazônia, e no sangue, a bravura de uma guerreia silenciosa. Ela já havia morado na França e na Itália, próximo à fronteira com o cantão alemão da Suíça, em Tirano à beira do rio Adda, na região dos Alpes. Por isso falava Schweizer-Deutsch com longíncuo sotaque paraense.
(depois eu continuo com a história da Gi...)
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Comentários
e tem continuação...
quanto às imagens, never mind, sou contra restrições.
Parto do princípio seguinte:
"Noções de Estilo e Estética"
quem pega ou copia
sem pedir, ou pior,
clama a autoria,
ou quem teme que isso aconteça,
e adverte outros internautas (como se isso fosse possível) para não cometerem esse delito sobre a propriedade intelectual,
sinceramente,
é porque se sente inseguro
não deviam estar se molhando na chuva, procurando peneiras pra se proteger. Quem sabe fazer sendo autoral e original, é sempre autoral e original. O Pink Floyd, os caras, gostaram quando um navio pirata chinês remixou (no estilo Lounge) as músicas e lançou a coleção inteira da banda. Eles não reclamaram. Isso reavivou, mesmo que de forma distorcida, o Pink Floy e, claro, eles ficaram felizes. Há pouco tempo ouvi uma versão dub do Floyd - The Dub Side of The Moon, ou seja, quem gosta de dub, reagge.. isso é uma paráfrase, intertextualismo. Porque existe o chamado Direito sobre Propriedade Intelectual e Industrial, burocrático e ultrapassado para as fronteiras da pós-modernidade.
Eu proponho: se você me dá um poema seu eu te dou um poema meu. Vou jurar que o seu poema fui eu que escrevi e você faz o mesmo. Temos que gostar do poema um do outro, claro.
Lá vai,
Eu sou um poeta de médio quilate
um porre uma ressaca uma sina
eu sou uma métrica sem rima
um cão que morde mas não late
Roserouge, (escrevendo no masculino)
Beijos,
Gustavo
ps: agora manda o seu, e se não gostou, faço outro..
Obrigado!
mil beijos,
Gustavo