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 Mandingas de um Papagaio Mudo
 Gustavo Alvarez Perez mais uma vez nos encantando com o que ele tem de 
verdadeiro, real, intimista. A escrita, a poesia, colagens e costuras. 
Todas aparecem em seu trabalho atual que são suas “mandingas ou “patuás 
“como ele os denomina. No passado, povos faziam mandingas ou patuás em 
momento que necessitavam de proteção, pedidos de socorro, afugentar o 
mal. Eram pendurados nos pescoços dos seus necessitados, ou escondidos 
embaixo das roupas, costurados. 
Geralmente eram feitos de couro, duas partes costuradas uma na outra e o
 pedido ou o que fosse ficava em seu interior.E pronto o escudo estava 
pronto para seu uso. Perez, de um passado remoto à contemporaneidade, 
realiza uma ação de que o feitio de suas mandingas, mesmo que apareça no
 seu exterior imagens do conteúdo total da mandinga, ainda assim é um 
mistério para o espectador. O plástico grosso, transparente, que 
acondiciona o conteúdo, o protege, mas não o cobre totalmente. Mistério x
 Curiosidade. Outra constante no trabalho do artista, palavras brigando 
pelo espaço com peças de metal. Uma remete à religiosidade, `proteção 
dos céus, uma imagem de Nossa Senhora. Outra peça, também de metal, 
utilizada para ajudar a colocar linha em agulhas de costura.Costurar os 
pedidos, a vida, os sonhos, não se sabe. Os signos estão ali, não 
sabemos seus significados. Somente Perez os conhece, e Perez, pelas 
metades, sem concluir, deixa o espectador esperando por uma totalidade, 
que não virá. O espectador se encanta com o que vê. A arte de Perez é 
vitoriosa, é colocada em entrelinhas, gloriosas, solitárias, pequenos 
pedaços de uma grande vida, que só a Ele pertence. O que compartilha já 
basta para nos encantar.




 
 


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