Dínamo da noite estrelada



Recife




Como esquecer uma paixão? Ó lindo luar do Recife. Como uma biblioteca de dores. Talvez por isso eu não me permita, como diria minha petit français. Mas aproveito um mais santo dia ao som do chorinho. O sol está se pondo e fico até repetitivo, como um mantra, uma mandinga de abrir caminhos. Sobe a linha do sol sobre o muro branco, no contagio das horas vejo a luz do dia pendular sobre os prédios. Bem mais além vem, bem mais além. Da lua triste no céu, meu bem, da lua triste no ar. Não existem mais opostos. Preciso organizar minha casa mental, me preparar para um novo começo. A miséria humana, a dor existencial, aquilo que te move, te faz sentir, se te faz agir, sair do mesmo lugar. Se a esperança tivesse sido deixada ir embora da caixa de Pandora antes que a fechassem, talvez fôssemos mais razoáveis, embora não menos otimistas, eu creio, e se eu creio, logo não é preciso que eu duvide. O infinito permanece diante dos teus olhos. Infinitamente grande e infinitamente pequeno, sem diferença, pois as definições desapareceram e nenhum limite é visto. Meu coração ainda colado no asfalto. Está bem dito, respondeu Cândido, mas é preciso cultivar nosso jardim.

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