Dínamo da noite estrelada
The old
cat and the Sea
Andar pelas praças, subir as escadas, descer as ruas virando esquinas
desconhecidas. Andar pelas ruas, as mesmas ruas. As mesmas pessoas, não é
nenhum segredo. Sabe, hoje faz um pouco de frio, a tarde foi turva e a noite
formou nuvens vermelhas. A vida monástica tem sido a minha melhor escolha.
Quando penso em escrever, quando vejo interfaces abertas e o paradoxal
comportamento da pós-modernidade: falta de vínculos interpessoais,
individualismo, eu eu eu. Uma questão freudiana, essa busca eterna. O que mais
interfere no comportamento é a dúvida. Como diria Fernando Pessoa “ninguém sabe
que coisa quer/ ninguém conhece a alma que tem”, daí resta a dúvida. E
continua, “tudo e disperso e derradeiro/ tudo é incerto, nada é inteiro.” Vale
a resposta do cronista mineiro Murilo Rubião quando perguntado por Fernando
Sabino (outro mineiro) se acreditava em Deus: “Em Deus não! Mas tenho uma
enorme devoção em Nossa Senhora.” Portanto há que se acreditar em alguma coisa
que não vemos. Na transmutação da matéria, transvaloração de todos os valores.
Da mesma forma, são se pode culpar uma árvore frondosa por um dia ter sido uma
sementinha. Mas há que se crer que a árvore irá crescer, mesmo sob ventos
fortes, quanto mais fortes os ventos mais fortes o tronco. Que não seja Deus e
nem mesmo o próprio etéreo, mas nesse florescer natural, biológico, nem por
isso distorcido, distanciado da realidade. É nisso que quero acreditar.
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