Dínamo da noite estrelada
Se você completa
Se você deixar que eu parta, enfim. Você vai dizer que só depende de
mim, da minha força de vontade para continuar, seguir, evoluir. Mas espere,
você não está dizendo nada. Isso são apenas palavras que se materializam do meu
ego. Sou apenas EU dizendo. Acendo um baseado. Provar a mim
mesmo que ainda vivo. Não sinto mais prazer no sexo insosso, na cerveja sem
gosto, no cinema, em nada. Sobrevivendo a cada dia em que não espero
recompensa. Um dia que se parece com o outro. Acompanho as notícias pela
televisão. Meu olhar perdido e desinteressado. A egolatria camufla a estrutura
de seres humanos frágeis. Não que isso seja uma vantagem (aliás, quem conhece
demais a si mesmo, perde um pouco a curiosidade e essência), mas conheço-me o
suficiente para ver a mim mesmo. De fora não indulgente, de forma real. Sob o
dom divino da dura árdua realidade. Estive vazio, e agora? quantas noites se
passaram? Dessa janela vi muitos entardeceres, o sono da bebedeira da
madrugada. Sim, no fundo, autodestrutivo, mas além, diga que não é verdade.
Quando acho que já superei, me vejo pensando e tentando esquecer. Solidão que
resguarda minha vida estreita as portas e controla meu caminho. Lembro-me o dia
que saí dessa desse castelo, quando não pude mais suportar a vida monástica.
Não concordo que destruam minha moral. Aquela que foi pisoteada e atirada no
lixo nessa loucura órfã desvairada. Um pouco de vida familiar ia te fazer bem.
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