Dínamo da noite estrelada
Sonora
Devo encontrar expressão para essa vida tão cheia de falsos ideais e
acomodamentos. Encontrar um termo exato para poder relaxar e ser um termo
exato, louco, sádico, cruel, amável, algo que me define como homem além de
alma. Alma que se encaixa no corpo para viver plenamente. Hoje foi um dia gris.
As gotinhas de chuva não param de cair. Talvez eu saiba como é tentar essa
busca, ao menos. Talvez eu tente mais uma vez de forma diferente, mais calmo,
mais ágil, porém com mais sagacidade. Hoje um corpo dolorido que atente aos desejos
do café. Acordo com a delícia do sexo um pouco blasé com minha francesinha. O calor o nordeste a tornou especial
e gosto quando consigo ver seus olhos. Significa que no deserto ainda há vida,
que as pequenas gotículas que vem do oceano fazer verter a sede dos pássaros e
brotarem flores dos cactos. E no deserto das ideias há uma raposa e um pássaro
negro dos quais guardo vagas memórias. Ardor que se aproxima quando tudo passa,
como da água para o vinho. Sim, devo mesmo parar de ouvir Leonard Cohen e
Chet Baker. Chet me acalma, Cohen inventa uma revolução e tudo flui naturalmente. Como um
barquinho à deriva no mar levado pelo vento. Um mar desconhecido, de notas
calmas e prolongado, de lirismo choroso, o lirismo pungente dos bêbados, o
lirismo dos clowns de Shakespeare.
Sinto um doce caminhar na melodia de seu sopro, de sua voz. Encanta-me o seu
lamento de pequeno gato branco insosso, como era chamado pelos negros de NY,
por despeito ou por inveja. Um barquinho me carrega, levado pelo vento. Também
me agrada o choro macio de Billie, garota sofisticada. Encantam-me as simples
melodia, boas e falsas como o amor.
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